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CONDUÇÃO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
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2014_UECE_Eliene de Franca Mascarenhas
A doença renal crônica (DRC) vem aumentando significadamente no Brasil e no mundo decorrente do aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), especialmente a hipertensão arterial e diabetes mellitus, principais causas da DRC. Tem elevada morbimortalidade e acarreta altos custos para o sistema de saúde. Por ser inicialmente assintomática vem sendo subdiagnosticada e subtratada perdendo-se a oportunidade de realização de medidas de prevenção primária, secundária e terciária. Este estudo tem como objetivo analisar a condução dos profissionais médicos, da Estratégia Saúde da Família (ESF), em relação à DRC, nos portadores de hipertensão arterial (HAS) e diabetes mellitus (DM). Realizou-se estudo transversal, no período de outubro de 2013 a janeiro de 2014, com 52 médicos que atuavam nas 20 Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) da Secretaria Regional V, Fortaleza-Ceará. Metade dos médicos tinha até 34 anos de idade, com igual distribuição entre os sexos. O tempo de graduação foi de 11,9 ± 10 anos, 21,2% com até um ano de graduado e 63,4% tinham pelo menos uma pós-graduação. Eram servidores públicos 53,8% e os restantes contratados por programas federais. Realizavam exames para detectar DRC nos portadores de HAS, DM e idosos em 96,2%, 94,2% e 88,5% respectivamente. Orientavam como medidas preventivas da DRC a redução de peso (88,5%), cessação do tabagismo (86,5%), prática de atividade física (88,5%) e alimentação balanceada (94,2%). E como medidas de controle da progressão da DRC, além das medidas preventivas, o controle da pressão arterial (90,4%), do perfil glicêmico (96,2%), do perfil lipidêmico (82,7%) e orientação para redução do uso de drogas nefrotóxicas em 80,8%. Não houve diferenças com significância estatística nos índices citados quando relacionados ao tempo de formado e ter ou não pós-graduação. Apesar de solicitarem dosagem do clearence da creatinina sérica (61,5%) e microalbuminúria (63,5%), pouco mais da metade (55,8%) realizava o estagiamento da DRC. O encaminhamento ao nefrologista teve relação inversa com o tempo de formado com significância estatística a partir do estágio 4 (p=0,011). Mas, ter pós-graduação não se mostrou fator de maior conhecimento para o encaminhamento adequado e até o contrário quando 60,8% dos médicos sem pós-graduação encaminhavam os portadores de DRC estágio 4 ao nefrologista, somente 39,4% dos com pós-graduação o faziam (p=0,002).A maioria dos médicos pesquisados tem conhecimento dos fatores de risco para a DRC, dos exames para avaliar a função renal, das medidas de prevenção e controle da sua progressão para estágios terminais. Mas, ainda não realizam rotineiramente o estagiamento da DRC, mecanismo importante para o seu diagnóstico, e, por conseguinte, não encaminham precocemente ao nefrologista. A evolução da DRC depende do cuidado oferecido a seu portador nos estágios iniciais, sendo necessário que os médicos da ESF, porta de entrada e coordenadora do sistema de saúde, estejam em permanente processo de educação continuada para conter a epidemia da DRC.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
CONDUÇÃO DA DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PORTADORES DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Autor(a)
ELIENE DE FRANÇA MASCARENHAS
Orientador(a)
Maria Rocineide Ferreira da Silva
Palavras-chave
Doença renal crônica. Estratégia saúde da família. Hipertensão arterial. Diabetes mellitus.
Resumo
A doença renal crônica (DRC) vem aumentando significadamente no Brasil e no mundo decorrente do aumento da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), especialmente a hipertensão arterial e diabetes mellitus, principais causas da DRC. Tem elevada morbimortalidade e acarreta altos custos para o sistema de saúde. Por ser inicialmente assintomática vem sendo subdiagnosticada e subtratada perdendo-se a oportunidade de realização de medidas de prevenção primária, secundária e terciária. Este estudo tem como objetivo analisar a condução dos profissionais médicos, da Estratégia Saúde da Família (ESF), em relação à DRC, nos portadores de hipertensão arterial (HAS) e diabetes mellitus (DM). Realizou-se estudo transversal, no período de outubro de 2013 a janeiro de 2014, com 52 médicos que atuavam nas 20 Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) da Secretaria Regional V, Fortaleza-Ceará. Metade dos médicos tinha até 34 anos de idade, com igual distribuição entre os sexos. O tempo de graduação foi de 11,9 ± 10 anos, 21,2% com até um ano de graduado e 63,4% tinham pelo menos uma pós-graduação. Eram servidores públicos 53,8% e os restantes contratados por programas federais. Realizavam exames para detectar DRC nos portadores de HAS, DM e idosos em 96,2%, 94,2% e 88,5% respectivamente. Orientavam como medidas preventivas da DRC a redução de peso (88,5%), cessação do tabagismo (86,5%), prática de atividade física (88,5%) e alimentação balanceada (94,2%). E como medidas de controle da progressão da DRC, além das medidas preventivas, o controle da pressão arterial (90,4%), do perfil glicêmico (96,2%), do perfil lipidêmico (82,7%) e orientação para redução do uso de drogas nefrotóxicas em 80,8%. Não houve diferenças com significância estatística nos índices citados quando relacionados ao tempo de formado e ter ou não pós-graduação. Apesar de solicitarem dosagem do clearence da creatinina sérica (61,5%) e microalbuminúria (63,5%), pouco mais da metade (55,8%) realizava o estagiamento da DRC. O encaminhamento ao nefrologista teve relação inversa com o tempo de formado com significância estatística a partir do estágio 4 (p=0,011). Mas, ter pós-graduação não se mostrou fator de maior conhecimento para o encaminhamento adequado e até o contrário quando 60,8% dos médicos sem pós-graduação encaminhavam os portadores de DRC estágio 4 ao nefrologista, somente 39,4% dos com pós-graduação o faziam (p=0,002).A maioria dos médicos pesquisados tem conhecimento dos fatores de risco para a DRC, dos exames para avaliar a função renal, das medidas de prevenção e controle da sua progressão para estágios terminais. Mas, ainda não realizam rotineiramente o estagiamento da DRC, mecanismo importante para o seu diagnóstico, e, por conseguinte, não encaminham precocemente ao nefrologista. A evolução da DRC depende do cuidado oferecido a seu portador nos estágios iniciais, sendo necessário que os médicos da ESF, porta de entrada e coordenadora do sistema de saúde, estejam em permanente processo de educação continuada para conter a epidemia da DRC.
Abstract
Chronic kidney disease (CKD) has been increasing significantly in Brazil and in the world due to the increase in the prevalence of chronic noncommunicable diseases (NCDs), especially hypertension and diabetes mellitus, major causes of CKD. It has a high morbidity and mortality rate and entails high costs for the health system. For being initially asymptomatic, it has been underdiagnosed and undertreated losing the opportunity to carry out preventive primary, secondary and tertiary measures. This study aims to analyze the conduct of medical professionals, from the Family Health Strategy (FHS), in relation to CKD in patients with high blood pressure (hypertension) and diabetes mellitus (DM). A cross-sectional study was conducted from October 2013 to January 2014, with 52 doctors who worked in the 20 Primary Health Care Units (PHCU) from the Regional Office V, Fortaleza-Ceará. Half of the doctors had up to 34 years of age, with equal distribution between the sexes. The graduation time was 11.9 ± 10 years, 21.2% with up to one year of graduation and 63.4% had at least one post-graduation course. 53.8% were civil servants and the rest was employed by federal programs. One performed tests to detect CKD in patients with hypertension, diabetes mellitus and in the elderly in 96.2%, 94.2% and 88.5% respectively. One suggested as preventive CKD measures the weight reduction (88.5%), quit smoking (86.5%), physical activity (88.5%) and balanced diet (94.2%). And as measures of controlling the progression of CKD, besides the preventive measures, the control of blood pressure (90.4%), of the glycemic profile (96.2%), of the lipidemic profile (82.7%) and counseling for
the reduction of the use of nephrotoxic drugs in 80.8% .There weren’t statistically significant differences in the above indices when related to the time after graduation and having post-graduation or not. Although they requested serum creatinine clearance dosage (61.5%) and microalbuminuria (63.5%), just a little over half (55.8%) performed the staging of DRC. The referral to a nephrologist had an inverse relationship with the time after graduation with statistical significance starting from stage 4 (p=0.011). However having post-graduation was not the factor of more knowledge for proper guidance, and even the contrary, when 60.8% of the doctors without post-graduation guided CKD patients in stage 4 to a nephrologist, only 39.4% of those with post-graduation did that (p=0.002). Most of the physicians surveyed have knowledge about the risk factors for CKD, about the examinations to assess the renal function, about measures for prevention and control of its progression to terminal stages. However, the staging of CKD is not performed on a regular basis, which is an important mechanism for diagnosis, and therefore they do not guide patients to a nephrologist early. The evolution of CKD depends on the care provided to its bearer in the early stages, and it is necessary that doctors from the FHS, the entrance door and coordinator of the health system, is in permanent process of continuing education to contain the epidemic of CKD.
Linha de Pesquisa
Educação na Saúde
Ano Defesa
2014
Nucleadora
Instituição
UECE
UF
CE