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CARACTERÍSTICAS, SEQUELAS E REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DOS SUJEITOS PÓS-ALTA POR COVID-19 GRAVE
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Tarciana Ferreira Serafim
A COVID-19, doença causada a partir do vírus SARS-CoV-2, por tratar-se de descoberta recente, que impôs à comunidade científica o desafio de compreender as possíveis sequelas decorrentes dessa infecção. Assim, o presente estudo objetivou descrever as características sociodemográficas e clínicas dos sujeitos pós-alta hospitalar por COVID-19 na forma grave, com base nas principais sequelas e comorbidades; e analisar as repercussões na saúde mental dos sujeitos pós-alta por COVID-19 grave. Trata-se de estudo de caso, sob a abordagem qualitativa, desenvolvido no município de Catunda, Ceará, Brasil. As entrevistas tiveram como base o processo de adoecimento e as sequelas pós-alta. Para melhor descrever cada caso e a estrutura familiar, por conta da demanda de cuidados, foi aplicada a Escala de Classificação de Risco Familiar de Coelho e Savassi, que busca determinar o risco social e de saúde, refletindo o potencial de adoecimento de cada núcleo familiar. Os dados sociodemográficos foram sistematizados descritivamente. Para tratamento das informações, utilizou-se do referencial da Análise de Conteúdo de Minayo. Neste estudo, apesar da amostra contar com nove sujeitos, algumas análises foram realizadas para melhor compreender os dados, entre elas, podem-se destacar: a média de idade que foi de 61 (desvio padrão 13,0) anos; a média de tempo de internamento (dias) foi de 11 (desvio padrão 4,8) dias; a média da quantidade de sintomas foram quatro (desvio padrão 1,8); e a média da quantidade de sequelas, quatro (desvio padrão 1,9). Entre as sequelas/complicações mais comuns das condições pós-COVID-19, destacam-se as que estão relacionadas à saúde mental, como cansaço, ansiedade, insônia, astenia, fraqueza, medo de morrer e tontura, estas representando 58% de todas as sequelas/complicações apresentadas. Na Análise de Cluster das Sequelas ou Complicações dos Sujeitos Pós-Alta por COVID-19 Grave, nas quantidades de correlações, não houve correlação entre tempo de internação e quantidade de sintomas (r = 0,03) (p = 0,92), sugerindo não haver relação entre as duas condições. Uma correlação de fraca para moderada foi encontrada entre tempo de internação e quantidade de sequelas (r = 0,28), sugerindo que indivíduos que permanecem mais tempo internados podem, hipoteticamente, ser mais propensos a ter maior quantidade de sequelas. Contudo, essa correlação não foi estatisticamente significante (p = 0,45). Diante da escala global desta pandemia, é evidente que as necessidades de saúde para pacientes com sequelas de COVID-19 continuarão crescendo no futuro próximo, aumentando o desafio, o que exigirá o aproveitamento da infraestrutura ambulatorial existente na UBS e o desenvolvimento de modelos de saúde atingíveis, além da integração entre especialidades para melhorar a saúde mental e física dos sobreviventes da COVID-19 a longo prazo.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
CARACTERÍSTICAS, SEQUELAS E REPERCUSSÕES NA SAÚDE MENTAL DOS SUJEITOS PÓS-ALTA POR COVID-19 GRAVE
Autor(a)
Tarciana Ferreira Serafim
Orientador(a)
Francisco Rosemiro Guimarães Ximenes Neto
Palavras-chave
Infecções por Coronavírus; COVID-19; Linha de Cuidado; Gestão do Cuidado.
Resumo
A COVID-19, doença causada a partir do vírus SARS-CoV-2, por tratar-se de descoberta recente, que impôs à comunidade científica o desafio de compreender as possíveis sequelas
decorrentes dessa infecção. Assim, o presente estudo objetivou descrever as características sociodemográficas e clínicas dos sujeitos pós-alta hospitalar por COVID-19 na forma grave,
com base nas principais sequelas e comorbidades; e analisar as repercussões na saúde mental dos sujeitos pós-alta por COVID-19 grave. Trata-se de estudo de caso, sob a abordagem
qualitativa, desenvolvido no município de Catunda, Ceará, Brasil. As entrevistas tiveram como base o processo de adoecimento e as sequelas pós-alta. Para melhor descrever cada caso e a
estrutura familiar, por conta da demanda de cuidados, foi aplicada a Escala de Classificação de Risco Familiar de Coelho e Savassi, que busca determinar o risco social e de saúde, refletindo o potencial de adoecimento de cada núcleo familiar. Os dados sociodemográficos foram sistematizados descritivamente. Para tratamento das informações, utilizou-se do referencial da Análise de Conteúdo de Minayo. Neste estudo, apesar da amostra contar com nove sujeitos, algumas análises foram realizadas para melhor compreender os dados, entre elas, podem-se destacar: a média de idade que foi de 61 (desvio padrão 13,0) anos; a média de tempo de internamento (dias) foi de 11 (desvio padrão 4,8) dias; a média da quantidade de sintomas foram quatro (desvio padrão 1,8); e a média da quantidade de sequelas, quatro (desvio padrão 1,9).
Entre as sequelas/complicações mais comuns das condições pós-COVID-19, destacam-se as que estão relacionadas à saúde mental, como cansaço, ansiedade, insônia, astenia, fraqueza,
medo de morrer e tontura, estas representando 58% de todas as sequelas/complicações apresentadas. Na Análise de Cluster das Sequelas ou Complicações dos Sujeitos Pós-Alta por
COVID-19 Grave, nas quantidades de correlações, não houve correlação entre tempo de internação e quantidade de sintomas (r = 0,03) (p = 0,92), sugerindo não haver relação entre as
duas condições. Uma correlação de fraca para moderada foi encontrada entre tempo de internação e quantidade de sequelas (r = 0,28), sugerindo que indivíduos que permanecem mais
tempo internados podem, hipoteticamente, ser mais propensos a ter maior quantidade de sequelas. Contudo, essa correlação não foi estatisticamente significante (p = 0,45). Diante da
escala global desta pandemia, é evidente que as necessidades de saúde para pacientes com sequelas de COVID-19 continuarão crescendo no futuro próximo, aumentando o desafio, o que
exigirá o aproveitamento da infraestrutura ambulatorial existente na UBS e o desenvolvimento de modelos de saúde atingíveis, além da integração entre especialidades para melhorar a saúde
mental e física dos sobreviventes da COVID-19 a longo prazo.
Abstract
COVID-19, a disease caused by the SARS-CoV-2 virus, as it is a recent discovery, imposes on the scientific community the challenge of understanding the possible consequences resulting
from this infection. Thus, the present study aims to describe the sociodemographic and clinical characteristics of subjects after hospital discharge due to severe COVID-19, based on the main
sequelae and comorbidities; and, analyze the repercussions on the mental health of subjects post-discharge due to severe COVID-19. This is a case study, using a qualitative approach,
developed in the municipality of Catunda, Ceará. The interviews were based on the illness process and post-discharge sequelae. To better describe each case and its family structure, due
to the demand for care, the Coelho and Savassi Family Risk Classification Scale was applied, which seeks to determine social and health risk, reflecting the potential for illness in each family
nucleus. . Sociodemographic data were systematized descriptively. To process the information, the Minayo Content Analysis framework was used. In our study, despite the sample having nine subjects, some analyzes were carried out to better understand the data, among which we can highlight: the average age was 61 (standard deviation 13.0) years; the average length of stay (days) was 11 (standard deviation 4.8) days; the average number of symptoms was four (standard deviation 1.8); and the average number of sequelae, four (standard deviation 1.9).
Among the most common sequelae/complications of post-COVID-19 conditions, those related to mental health stand out, such as tiredness, anxiety, insomnia, asthenia, weakness, fear of
dying and dizziness, these representing 58% of all Sequelae/Complications presented. In the Cluster Analysis of Sequelae or Complications of Subjects Post-Discharge due to Severe COVID-19, in the amounts of correlations there was no correlation between Length of Hospitalization and Number of Symptoms (r = 0.03) (p = 0.92), suggesting there is no
relationship between the two conditions. A weak to moderate correlation was found between Length of Hospitalization and Number of Sequelae (r = 0.28), suggesting that individuals who
remain hospitalized for longer may, hypothetically, be more likely to have a greater number of sequelae. However, this correlation was not statistically significant (p = 0.45). Given the global
scale of this pandemic, it is clear that the healthcare needs for patients with COVID-19 sequelae will continue to grow in the near future. Increasing the challenge, which will require taking
advantage of the existing outpatient infrastructure at UBS and developing attainable health models, in addition to integration between specialties to improve the mental and physical health
of COVID-19 survivors in the long term.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2023
Nucleadora
Instituição
UVA
UF
CE