Terezinha Paes Barreto Trindade
A auriculoterapia surge como Prática Integrativa e Complementar em Saúde
(PICS), e uma de suas indicações clínicas é o controle da ansiedade. O estudo objetivou avaliar os efeitos da auriculoterapia e compreender a percepção de trabalhadores da atenção primária à saúde sobre a auriculoterapia. Trata-se de estudo descritivo, com abordagem mista e delineamento quase-experimental - intervenção do tipo causa-efeito em um único grupo. Foram incluídos 14 trabalhadores de uma Unidade de Saúde da Família numa capital do nordeste brasileiro. A coleta de dados ocorreu de janeiro de 2022 a janeiro de 2023 e desenvolveu-se em etapas: os participantes responderam o The State-Trait Anxiety Inventory (IDATE-Traço), Escala de Dor (EVA), WHOQOL-bref, dados
socioeconômicos e uma questão aberta sobre ao uso da auriculoterapia, em seguida, foram submetidos à 10 sessões semanais de auriculoterapia e, novamente, responderam os mesmos instrumentos e a questão aberta, com exceção dos dados sociodemográficos; intervalo de 15 dias sem terapia; aplicação dos mesmos instrumentos utilizados no final da primeira etapa, realização de 10 sessões terapêuticas e reaplicação dos instrumentos; entrevistas com nove dos participantes. As entrevistas foram gravadas e transcritas na íntegra para compreender e evidenciar o tratamento com auriculoterapia. Para análise dos dados qualitativos adotou-se a Análise de Conteúdo com abordagem temática, segundo Bardin (2016). Para os dados quantitativos, usou-se o teste de Wilcoxon, considerando o nível de significância de 5%. Observou-se melhoria da qualidade de vida (escore geral WHOQOL- bref), considerando o antes e depois das fases terapêuticas 1 versus 2 (p=0,007) e 3 versus 4 (p=0,036). Quanto ao IDATE-T verificou-se diferença significativa na redução da ansiedade na fase 3 versus 4 (p=0,036). Os resultados da escala EVA não se mostraram significativos estatisticamente. Nos resultados qualitativos, relatos demonstraram efeitos terapêuticos na melhoria do sono, redução da ansiedade e estresse; relaxamento físico e mental; relatos de satisfação à terapia, credibilidade e adesão. As narrativas dos participantes também ressaltaram a importância do terapeuta e na escuta, humanização e no acolhimento das demandas trazidas. A escuta orientou a prática e a fala do terapeuta durante o processo de cuidado usando a auriculoterapia como ferramenta alternativa de cuidado do cuidador em saúde. Faz-se relevante implantar/implementar a auriculoterapia e outras PICS em toda Atenção Primária em Saúde, fortalecendo a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares em Saúde.
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