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IMPLANTAÇÃO DO ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DE GRANDE PORTE DO NORDESTE BRASILEIRO
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Documento
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2019_UFPB_Dissertação_Milena Vieira da Silva Melo
No Brasil, muitos desafios se interpõem à efetivação do princípio da integralidade da assistência em saúde, como a ampliação do acesso com qualidade aos serviços e a falta de preparo dos profissionais para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção à saúde. Com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços prestados à população, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde – HumanizaSUS. Essa Política aponta como uma de suas diretrizes o acolhimento, com a proposta de otimizar a porta de entrada dos serviços, incluindo a Unidade de Saúde da Família (USF), facilitando o acesso e orientando o fluxo do usuário. Esse estudo teve como objetivo implantar o acolhimento como estratégia de gestão do cuidado em uma USF de um município de grande porte do Nordeste brasileiro. Tratou-se de um projeto de intervenção com abordagem da pesquisa-ação. Antes da implantação do acolhimento, havia a centralização no médico e o fluxo de atendimento era rígido, restringindo o acesso da população ao serviço. As reclamações e a insatisfação persistente motivaram a equipe para a implantação do acolhimento na USF. Após a mudança, o novo processo de trabalho flexibilizou as funções, descentralizando a responsabilidade do atendimento para o restante da equipe e eliminou as filas de demanda espontânea diárias na porta da unidade. Para a avaliação da implantação do acolhimento, realizou-se estudo descritivo e transversal por meio da aplicação de questionário quantitativo com 210 usuários e realização de entrevista semiestruturada com 10 profissionais da USF. Os dados dos usuários foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial por meio do teste Quiquadrado de Pearson com nível de significância de 5%. Para as falas dos profissionais, foi utilizada a análise de conteúdo com abordagem temática. Os usuários avaliaram que houve melhoria com a implantação do acolhimento (92,4%, n=194), refletida na conduta dos profissionais durante o mesmo (58,6%, n=123), estando essa avaliação positiva significativamente relacionada à satisfação com as informações oferecidas pelos profissionais durante o atendimento (p≤0,05). Um menor tempo de espera para o agendamento da consulta também foi associado significativamente à uma boa avaliação dos usuários sobre a implantação do acolhimento (p≤0,05). A percepção dos profissionais também foi positiva e as categorias obtidas relacionaram-se a: facilitação do acesso à USF, resolutividade do atendimento, otimização do processo de trabalho e humanização como forma de compreender o usuário sem restrições respeitando suas diferenças. A implantação do acolhimento na USF proporcionou mudanças significativas e sustentáveis, afirmando a necessidade de integração entre o cuidado e a gestão do processo de trabalho na produção do cuidado em saúde, com formação de espaços para que os trabalhadores possam refletir sobre sua prática, além do investimento na humanização dos serviços, sobretudo na Atenção Básica.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
IMPLANTAÇÃO DO ACOLHIMENTO EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DE GRANDE PORTE DO NORDESTE BRASILEIRO
Autor(a)
Milena Vieira da Silva Melo
Orientador(a)
Talitha Rodrigues R. F. Pessoa
Palavras-chave
Acolhimento; Saúde da Família; Humanização da assistência; Avaliação em Saúde.
Resumo
No Brasil, muitos desafios se interpõem à efetivação do princípio da integralidade da assistência em saúde, como a ampliação do acesso com qualidade aos serviços e a falta de preparo dos profissionais para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção à saúde. Com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços prestados à população, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde – HumanizaSUS. Essa Política aponta como uma de suas diretrizes o acolhimento, com a proposta de otimizar a porta de entrada dos serviços, incluindo a Unidade de Saúde da Família (USF), facilitando o acesso e orientando o fluxo do usuário. Esse estudo teve como objetivo implantar o acolhimento como estratégia de gestão do cuidado em uma USF de um município de grande porte do Nordeste brasileiro. Tratou-se de um projeto de intervenção com abordagem da pesquisa-ação. Antes da implantação do acolhimento, havia a centralização no médico e o fluxo de atendimento era rígido, restringindo o acesso da população ao serviço. As reclamações e a insatisfação persistente motivaram a equipe para a implantação do acolhimento na USF. Após a mudança, o novo processo de trabalho flexibilizou as funções, descentralizando a responsabilidade do atendimento para o restante da equipe e eliminou as filas de demanda espontânea diárias na porta da unidade. Para a avaliação da implantação do acolhimento, realizou-se estudo descritivo e transversal por meio da aplicação de questionário quantitativo com 210 usuários e realização de entrevista semiestruturada com 10 profissionais da USF. Os dados dos usuários foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial por meio do teste Quiquadrado de Pearson com nível de significância de 5%. Para as falas dos profissionais, foi utilizada a análise de conteúdo com abordagem temática. Os usuários avaliaram que houve melhoria com a implantação do acolhimento (92,4%, n=194), refletida na conduta dos profissionais durante o mesmo (58,6%, n=123), estando essa avaliação positiva significativamente relacionada à satisfação com as informações oferecidas pelos profissionais durante o atendimento (p≤0,05). Um menor tempo de espera para o agendamento da consulta também foi associado significativamente à uma boa avaliação dos usuários sobre a implantação do acolhimento (p≤0,05). A percepção dos profissionais também foi positiva e as categorias obtidas relacionaram-se a: facilitação do acesso à USF, resolutividade do atendimento, otimização do processo de trabalho e humanização como forma de compreender o usuário sem restrições respeitando suas diferenças. A implantação do acolhimento na USF proporcionou mudanças significativas e sustentáveis, afirmando a necessidade de integração entre o cuidado e a gestão do processo de trabalho na produção do cuidado em saúde, com formação de espaços para que os trabalhadores possam refletir sobre sua prática, além do investimento na humanização dos serviços, sobretudo na Atenção Básica.
Abstract
In Brazil, many challenges stand in the way of implementing the principle of integrality health care, such as the expansion of quality access to services and the lack of preparation of professionals in dealing with the subjective dimension in health care practices. In order to improve the quality of services provided to the population, the Health Ministry created the National Policy for Humanization of Care and Management in the Unified Health System (Sistema Único de Saúde) – HumanizaSUS. One of the guidelines of this policy is the reception, with the proposal to optimize the gateway to service, including the Family Health Unit (FHU), facilitating access and guiding the flow of the user. This study aimed to implement reception as a care management strategy in a FHU of a large city in northeastern Brazil. It was an intervention project with an action research approach. Prior to the implementation of the reception, there was centralization in the doctor and the flow of care was rigid, restricting the population‟s access to service. Complaints and persistent dissatisfaction motivated the team to implement reception in the FHU. Following the change, the new work process made functions more flexible, decentralizing the responsibility of care to the rest of the team and eliminating the daily spontaneous demand queues at the unit‟s door. To assess the implementation of reception, a descriptive and cross-sectional study was conducted by applying a quantitative questionnaire with 210 users and conducting a semi-structured interview with 10 professionals from the FHU. User data was analyzed using descriptive and inferential statistics using Pearson‟s chi-square test with a significance level of 5%. Content analysis with thematic approach was used in the professional‟s speeches. The users evaluated that there was an improvement with the implementation of reception (92.4%, n=194), reflected in the conduct of professionals during the reception (58.6%, n=123), and this positive assessment was significantly related to satisfaction with the information offered by the professionals during the service (p≤0,05). A shorter waiting time for appointment scheduling was also significantly associated with a good user evaluation on the implementation of reception (p≤0,05). Professionals‟ perceptions were also positive and the categories obtained were related to: facilitation of access to the FHU, resoluteness of care, optimization of the work process and humanization as a way to understand the user without restrictions, respecting their differences. The implementation of reception at the FHU provided significant and sustainable changes, affirming the need for integration between care and work process management in the production of health care, with the formation of space for workers to reflect on their practice, in addition to investment in the humanization of services, especially in Primary Care.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2019
Nucleadora
Instituição
UFPB
UF
PB