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VIVÊNCIA DE JOVENS QUE TIVERAM FILHOS DIAGNOSTICADOS COM SÍFILIS CONGÊNITA
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Documento
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
VIVÊNCIA DE JOVENS QUE TIVERAM FILHOS DIAGNOSTICADOS COM SÍFILIS CONGÊNITA
Autor(a)
Francisca Nataiane Maciel Lima
Orientador(a)
Profa. Dra. Maria Adelane Monteiro da Silva
Palavras-chave
Jovem. Relações familiares. Rede Social. Sífilis. Sífilis Congênita.
Resumo
Trata-se de um estudo de casos múltiplos com abordagem qualitativa que teve como objetivos: compreender a vivência de jovens que tiveram filhos diagnosticados com sífilis congênita; representar a família e a rede social e de apoio dessas jovens com base no Modelo Calgary de Avaliação Familiar; conhecer a percepção dessas jovens acerca da sífilis e de sua transmissão. Desenvolvido no município de Sobral-Ceará no período de agosto de 2018 a dezembro de 2019. Participaram da pesquisa seis jovens, na faixa etária entre 20 e 25 anos, identificadas por meio das fichas de notificação/investigação de sífilis congênita e que se constituíram nas pessoas índices de cada caso. A coleta das informações se deu mediante entrevista semiestruturada. Para tratar das informações, pautou-se no diagrama ramificado do Modelo Calgary de Avaliação Familiar e utilizou-se o método de análise de conteúdo de Bardin, a partir da técnica de categorização temática, considerando a família como unidade de análise dos casos. Respeitou-se os aspectos éticos atendendo à resolução 466/2012. Da interpretação dos dados emergiram dois eixos temáticos: A jovem com diagnóstico de sífilis, descrito em três categorias: experiências afetivas, sexuais e reprodutivas, conhecimento e prevenção às infecções sexualmente transmissíveis na juventude e sentimentos vivenciados pelas jovens no contexto da sífilis e de sua transmissão. O segundo eixo foi denominado: Rede social e de apoio à jovem no contexto da sífilis. Para análise das evidências utilizou-se a técnica analítica da síntese de casos cruzados. Os resultados explicitam que essas jovens tiveram relacionamentos conjugais e início de atividade sexual precoce, permeada por falta de informação e, que resultaram em gestações ainda na adolescência, não planejadas e no acometimento por infecções sexualmente transmissíveis. Expressam fragilidades, das jovens, quanto ao conhecimento e prevenção da sífilis e sífilis congênita e que, essa experiência, implicou em sentimentos de medo, sofrimento, preocupação e culpa em relação ao adoecimento e a transmissão vertical. A rede social das jovens é constituída por familiares, pessoas externas à família, equipamentos sociais do território e serviços de saúde que prestaram assistência à jovem e ao seu filho. A estrutura familiar interna e externa apresentou-se de forma diversificada e incluiu vínculos heterogêneos, que de uma forma geral se traduziram em relacionamentos normais, próximos, distantes, harmônicos, conflituosos, de desconfiança e hostilidade entre os integrantes das famílias em estudo. No tocante aos sistemas amplos, sobressaiu-se a relação de proximidade e harmonia com a enfermeira que acompanhou o pré-natal, o significado do trabalho na vida das jovens, assim como, o elo distante e frágil com as unidades de saúde. O apoio social foi essencial no período8 gestacional, puerperal e após o diagnóstico de sífilis, como também a ausência desse suporte foi evidenciada durante esses períodos. Dessa forma, a pesquisa contribuiu para uma visão detalhada da vivência das jovens e, neste sentido, foi relevante compreender o universo de cenários, possibilidades e entraves que estão por trás dos indicadores que reforçam a sífilis como um problema de saúde pública. Estes resultados podem subsidiar estratégias que busquem o controle da sífilis congênita e reforçam a necessidade da realização de mais investigações que considerem as subjetividades envolvidas na transmissão vertical da doença.
Abstract
This is a multiple case study with a qualitative approach which aims to: understand the experience of young women who had children diagnosed with congenital syphilis; represent the family and the social and support networks of those young women based on the Calgary Family Assessment Model; know these young women’s perception about syphilis and its transmission. This study took place in Sobral city, state of Ceará from August of 2018 to December of 2019. Six young women participated in this research, aged between 20 to 25 years old, identified through notification/investigation files of congenital syphilis, and who constituted as key figures of each case. Data collection happened through a semi-structured interview. In order to process information, we used the branched diagram of the Calgary Family Assessment Model and used Bardin’s content analysis method, from the thematic characterization technique, considering the family as an analysis unit of the cases. We respected ethical aspects contemplating the Resolution 466/2012. Two thematic axes emerged from data interpretation: the young woman with syphilis diagnosis, described in three categories: sentimental, sexual and reproductive experiences, knowledge and prevention of sexually transmitted diseases during youth, and experienced feelings of the young women inside the context of syphilis and its transmission. The second axis was called: Social and Support network to the young woman inside the context of syphilis. For evidence analysis, we used the analytical strategy of crossed-cases synthesis. Results explain that these young women had precocious marital relationships and early start of sexual activity, permeated by a lack of information and which resulted in pregnancy still during adolescence, not planned. It also resulted in the development of sexually transmitted infections. The young women expressed frailties related to knowledge and prevention of syphilis and congenital syphilis, and that this experience involved feelings of fear, suffering, worry, and blame about getting sick and vertical transmission. The social network of these women is constituted by family members, external people, social equipment inside their territory and health services which provided care to these women and their children. External and internal family structure was diversified and included heterogeneous relationships, which generally reflected into normal, close, distant, harmonic, conflicting, distrusting, and hostile relationships among this study’s family components. Regarding broad systems, we noticed as highlights the proximity and harmony with the nurse which served the prenatal care, the meaning of work in the young women’s lives, as well as the distant and fragile link with the health units. Social support was essential during gestational, puerperal, and after syphilis diagnosis periods, as well as this support absence was perceived during these periods. Therefore, this research contributed to a detailed view of the experience of these young women, thus, it was relevant to comprehend the universe of sceneries, possibilities, and obstacles that are behind indicators that reinforce syphilis as a public health problem. These results can subsidize strategies that seek congenital syphilis control and reinforces the need for more investigation that consider the subjectivities involved in this disease vertical transmission.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2019
Nucleadora
Instituição
UVA
UF
CE