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VIOLÊNCIA TERRITORIAL E SUA INTERFACE COM A QUALIDADE DO SONO DE PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE FORTALEZA, CE
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Documento
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2019_FIOCRUZ-CE_Dissertação_Fabrícia Bezerra de Castro Alves Silveira
Cenário: A Estratégia Saúde da Família (ESF) expõe seus profissionais a importantes estressores psicossociais, disruptores da qualidade do sono e de problemas profissionais. Objetivo: Desse modo, o objetivo desta pesquisa foi analisar a associação entre a violência territorial e a qualidade do sono de profissionais da ESF de Fortaleza, CE, Brasil. Ademais, interessou avaliar a qualidade do sono de profissionais da ESF de Fortaleza e identificar suas perspectivas sobre a violência no território. Método: Trata-se de um estudo transversal, exploratório e analítico, com abordagem quantitativa, realizado na cidade de Fortaleza, direcionado aos profissionais de nível superior atuantes na ESF do município (médicos, enfermeiros e dentistas). A amostra totalizou 286 participantes, estratificada de acordo com a distribuição dos profissionais nas seis regionais de saúde de Fortaleza. A coleta se deu por aplicação de questionário contendo: roteiro semiestruturado para obtenção dos dados de identificação e variáveis sociodemográficas (sexo, idade, local de trabalho, tempo de trabalho), instrumento Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) e questionário para avaliação da perspectiva dos profissionais quanto à violência em seu território de atuação na ESF. Os dados foram digitados em sistema Epidata e realizados os testes estatísticos não paramétricos no software versão 23. Resultados: Destacamos que a maioria dos participantes foi classificada como mau dormidor (65,7%), sendo os enfermeiros aqueles com maior prevalência de má qualidade do sono (73%), seguidos dos médicos (63%) e dentistas (56,8) (p=0,049). A maior parte da amostra (60,8%) considera o território de atuação na ESF uma área muito violenta. Parcela substancial, 82,2%, referiu sentimento de medo, ansiedade ou estresse devido à violência no território e a violência territorial prejudicou o desenvolvimento das atividades profissionais de grande parcela da amostra (89,1%). Os profissionais da ESF que mais referiram (≥3vezes) ser vítimas de violência dentro do serviço foram os enfermeiros (50%), seguidos por médicos (36,3%) e dentistas (32,4%) (p=0,011). Ao associarmos a má qualidade do sono dos profissionais às taxas de homicídios não evidenciamos diferenças estatisticamente significantes entre médicos (p=0,191), enfermeiros (p=0,069) e dentistas (p=0,467). A propósito disto, identificamos associação estatisticamente significante entre relato de vítima de violência dentro do serviço e taxa de homicídio, no geral (p=0,005). Por sua vez, observamos o inverso quando o local da violência é a comunidade. Em todas as secretarias executivas a maioria relatou não ter sofrido violência na comunidade durante suas atividades laborais (53,7%; 67,6%; 59,6%, 74,2%; 64,8%; 70,9%). E de fato, não averiguamos associação entre as variáveis vítima de violência na comunidade e taxa de homicídio em 2018 (p=0,712). Conclusão: Concluímos que não houve associação estatística significante entre a violência territorial e a qualidade do sono dos profissionais da ESF em Fortaleza, CE. Ademais, a prevalência de maus dormidores foi elevada, sobretudo entre os enfermeiros.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
VIOLÊNCIA TERRITORIAL E SUA INTERFACE COM A QUALIDADE DO SONO DE PROFISSIONAIS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE FORTALEZA, CE
Autor(a)
Fabrícia Bezerra de Castro Alves Silveira
Orientador(a)
Márcio Flávio Moura de Araújo
Palavras-chave
Violência. Sono. Estratégia Saúde da Família.
Resumo
Cenário: A Estratégia Saúde da Família (ESF) expõe seus profissionais a importantes estressores psicossociais, disruptores da qualidade do sono e de problemas profissionais. Objetivo: Desse modo, o objetivo desta pesquisa foi analisar a associação entre a violência territorial e a qualidade do sono de profissionais da ESF de Fortaleza, CE, Brasil. Ademais, interessou avaliar a qualidade do sono de profissionais da ESF de Fortaleza e identificar suas perspectivas sobre a violência no território. Método: Trata-se de um estudo transversal, exploratório e analítico, com abordagem quantitativa, realizado na cidade de Fortaleza, direcionado aos profissionais de nível superior atuantes na ESF do município (médicos, enfermeiros e dentistas). A amostra totalizou 286 participantes, estratificada de acordo com a distribuição dos profissionais nas seis regionais de saúde de Fortaleza. A coleta se deu por aplicação de questionário contendo: roteiro semiestruturado para obtenção dos dados de identificação e variáveis sociodemográficas (sexo, idade, local de trabalho, tempo de trabalho), instrumento Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP) e questionário para avaliação da perspectiva dos profissionais quanto à violência em seu território de atuação na ESF. Os dados foram digitados em sistema Epidata e realizados os testes estatísticos não paramétricos no software versão 23. Resultados: Destacamos que a maioria dos participantes foi classificada como mau dormidor (65,7%), sendo os enfermeiros aqueles com maior prevalência de má qualidade do sono (73%), seguidos dos médicos (63%) e dentistas (56,8) (p=0,049). A maior parte da amostra (60,8%) considera o território de atuação na ESF uma área muito violenta. Parcela substancial, 82,2%, referiu sentimento de medo, ansiedade ou estresse devido à violência no território e a violência territorial prejudicou o desenvolvimento das atividades profissionais de grande parcela da amostra (89,1%). Os profissionais da ESF que mais referiram (≥3vezes) ser vítimas de violência dentro do serviço foram os enfermeiros (50%), seguidos por médicos (36,3%) e dentistas (32,4%) (p=0,011). Ao associarmos a má qualidade do sono dos profissionais às taxas de homicídios não evidenciamos diferenças estatisticamente significantes entre médicos (p=0,191), enfermeiros (p=0,069) e dentistas (p=0,467). A propósito disto, identificamos associação estatisticamente significante entre relato de vítima de violência dentro do serviço e taxa de homicídio, no geral (p=0,005). Por sua vez, observamos o inverso quando o local da violência é a comunidade. Em todas as secretarias executivas a maioria relatou não ter sofrido violência na comunidade durante suas atividades laborais (53,7%; 67,6%; 59,6%, 74,2%; 64,8%; 70,9%). E de fato, não averiguamos associação entre as variáveis vítima de violência na comunidade e taxa de homicídio em 2018 (p=0,712). Conclusão: Concluímos que não houve associação estatística significante entre a violência territorial e a qualidade do sono dos profissionais da ESF em Fortaleza, CE. Ademais, a prevalência de maus dormidores foi elevada, sobretudo entre os enfermeiros.
Abstract
Background: The Family Health Strategy (FHS) exposes its professionals to important psychosocial stressors, disruptors of sleep quality and professional problems. We highlight the violence and hypothesize its influence on the quality of sleep of professionals. Purpose: This study aimed to analyze the association between territorial violence and sleep quality of FHS professionals in Fortaleza, CE, Brazil. Moreover, it was interested to evaluate the sleep quality of FHS professionals in Fortaleza, CE, Brazil and identify their perspectives on violence in the territory. Method: This is a cross-sectional, exploratory and analytical study with a quantitative approach, carried out in the city of Fortaleza, aimed at higher education professionals working in the fhs of the municipality (physicians, nurses and dentists). The sample totaled 286 participants stratified according to the distribution of professionals in the six regional health of Fortaleza. The collection was obtained by application of a questionnaire containing: semi-structured script to obtain identification data and socio-demographic variables (gender, age, workplace, working time), Pittsburgh sleep quality index instrument (IQSP) and questionnaire to evaluate the perspective of professionals regarding violence in their territory of activity in the FHS. The data were typed in Epidata system and nonparametric statistical tests were performed in the software version 23. Results: Most participants were classified as poor sleeper (65.7%), with nurses being those with the highest prevalence of poor sleep quality (73%), followed by physicians (63%) dentists (56.8) (p=0.049). Most of the sample (60.8%) considers the territory of operation in the FHS a very violent area. Substantial portion (82.2%), reported feeling of fear, anxiety or stress due to violence in the territory and territorial violence impaired the development of professional activities of large portion of the sample (89.1%). The FHS professional who reported the most (≥3 times) being victims of violence within the service were nurses (50%), followed by physicians (36.3%) and dentists (32.4%) (p=0.011). By associating the poor sleep quality of professionals with homicide rates, we did not show statistically significant differences between physicians (p=0.191), nurses (p=0.069) and dentists (p=0.467). Regarding this, we identified a statistically significant association between the report of victims of violence within the service and homicide rate, in general (p=0.005). In turn, we observe the reverse when the place of violence is the community. In all executive departments, most reported not having suffered violence in the community during their work activities (53.7%; 67.6%; 59.6%, 74.2%; 64.8%; 70.9%). And in fact, we did not investigate the association between the variables that are victims of violence in the community and homicide rate in 2018 (p=0.712). Conclusion: there was no statistically significant association between territorial violence and sleep quality of FHS professionals in Fortaleza, CE. Moreover, the prevalence of bad sleepers was high, especially among nurses.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2019
Nucleadora
Instituição
FIOCRUZ
UF
CE