DISSERTAÇÃO_GILMARA_TAVARES_VERSÃO PÓS BANCA REVISADA PELA – Copia
A sífilis é uma doença milenar, que apesar de dispor de diagnóstico e tratamento eficaz, tem crescido globalmente. O Brasil apresenta taxas de incidência de sífilis congênita preocupantes, caracterizando uma epidemia. Fortaleza ocupa a quinta posição entre as capitais brasileiras no ranking de sífilis congênita. Fica evidente a problemática e dicotomia entre a possibilidade de tratamento eficaz da sífilis em gestante e o aumento da incidência de sífilis congênita no município de Fortaleza. Sendo assim, analisou-se a relação da qualidade do pré-natal realizado pela APS e os desafios para a prevenção da sífilis congênita. Para isto, a pesquisa deu-se em duas fases. A fase 1 consistiu-se na análise de dados secundários baseados nos resultados da avaliação externa do PMAQ e indicadores de vigilância epidemiológica, situando o agravo espacialmente no município, além de estudo de dados documentais intersetoriais. Já a fase 2, fundamentou-se na coleta de dados primários com uso de questionário por uma amostra de 169 médicos e 209 enfermeiros da ESF de Fortaleza,
buscando compreender, a partir da perspectiva dos profissionais da APS, as especificidades dos processos de trabalho necessários no manejo clínico da sífilis nas UAPS e os desafios para o enfrentamento da doença. Como resultados, constatou-se que Fortaleza passou por melhoria de infraestrutura nas unidades de saúde, porém sem gerar impacto na redução da incidência de sífilis congênita; há correlação entre desigualdade social e as zonas de concentração da doença; a sífilis congênita manifesta-se de forma heterogênea entre as regionais de saúde; os perfis profissionais de médicos e enfermeiros são distintos, interferindo nos processos de trabalho desenvolvidos; há heterogeneidade na formação profissional, incluindo os processos de educação permanente por regional; a rotatividade dos médicos na APS influenciam na prática profissional; presença de um modelo biomédico quando se refere ao manejo clínico da sífilis; a cobertura da ESF melhorou, porém precisa ser ampliada para dar resultados na redução da sífilis congênita; a Covid-19 influenciou o aumento dos casos da
doença; a vigilância epidemiológica apresentou sua fragilidade até 2017, dentre outras questões. Conclui-se que a situação da sífilis de Fortaleza é complexa e multifatorial, evidenciando um grave problema de saúde pública. Este trabalho trouxe dados minuciosos acerca dessa problemática, a fim de embasar o planejamento e implementação de políticas públicas que busquem reverter essa realidade.
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