PREVENÇÃO DA AUTOMUTILAÇÃO EM ADOLESCENTES ESCOLARES: INTERVENÇÃO EDUCATIVA HÍBRIDA MEDIADA PELO CÍRCULO DE CULTURA

Resumo

INTRODUÇÃO: A adolescência é uma fase do desenvolvimento humano marcado por diversas mudanças, tanto orgânicas quanto comportamentais. A Automutilação é considerada fator de risco para a ideação suicida. Os estudos brasileiros nessa área, mesmo ainda escassos, já foram o suficiente para considerar este fenônemo como um problema de saúde, assim como em outros países do mundo. OBJETIVO: Desenvolver, implementar e avaliar uma intervenção educativa híbrida com apoio no método do Círculo de Cultura, aplicado através de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, na prevenção da automutilação em adolescentes escolares de Meruoca - CE. MÉTODO: Estudo de intervenção, por meio do uso de métodos mistos, desenvolvido entre os meses de agosto e outubro de 2022, com adolescentes na faixa etária de 13 a 16 anos em escola pública do interior do Ceará. Para a coleta de dados quantitativos, utilizaram-se questionário de perfil sociodemográfico, Questionário de Impulsividade, Autoagressão e Ideação suicida (QIAIS-A) e a Escala de Silhueta de Stunkard. Desenvolveu-se em três etapas: 1) Aplicação do Pré-teste; 2) Intervenção Educativa Híbrida com referencial metodológico do Círculo de Cultura; 3) Aplicação do Pós-teste após 30 dias da intervenção. A coleta e a análise dos dados qualitativos foram feitas de acordo com os registros durante a intervenção educativa, no diário de campo e das interações dos participantes, sendo posteriormente organizado e analisado à luz do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). A análise da associação das variáveis de sexo, faixa etária, morar com a família nuclear e praticar automutilação foram realizados através do Teste Exato de Fisher para razão de chance. A comparação do QIAIS -A antes e depois, foi realizada pelo Teste de Wilcoxon. RESULTADOS: Participaram do pré-teste 245 adolescentes, dentre esses 109 (44,49%) já manifestaram algum comportamento de autoagressão. As meninas apresentaram mais chances de praticar a automutilação (p < 0,010), bem como aqueles que moram com famílias não nucleares possuem maior chance para praticar auto dano (p < 0,009). A intervenção educativa foi desenvolvida de maneira híbrida, com dois encontros presenciais na escola e dois encontros por meio da TDIC’s, Google meet adolescentes participaram durante quatro semanas. Também foi criado um grupo controle com 30 adolescentes. Após 30 dias, foi aplicado o pós-teste com ambos os grupos controle e intervenção e não foram verificadas mudanças estatisticamente significantes com relação à prevenção do comportamento de auto dano nos grupos. Por outro lado, foi verificado qualitativamente a participação ativa dos adolescentes durante a intervenção por meio da
qualidade da produção dos Discursos do Sujeito Coletivo, evidenciando o resultado satisfatório da intervenção educativa pelos participantes. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Apesar de não verificar a efetividade da atividade educativa na aplicação do pós teste, observa-se a partir dos discursos dos adolescentes que o estudo contribuiu através do método participativo e da construção da fala coletiva de adolescentes escolares com apoio no Método do Círculo de cultura para a prevenção à automutilação, mediante contribuição de todos os participantes de forma horizontalizada e respeitosa. Valorizando a troca de saberes entre pares e estimulando o empoderamento através da apreensão de novos conhecimentos, sendo uma execução viável e de baixo custo, que pode ser desenvolvida dentro da Estratégia Saúde da Família.