-
ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL OFERECIDA AOS PACIENTES COM ESQUIZOFRENIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
- Voltar
Documento
-
2016_FIOCRUZ_CE_Luiza de Paula Sousa (2)
A constituição brasileira de 1988 criou o Sistema Único de Saúde (SUS), regido pelos princípios de Universalidade, Equidade e Integralidade. Entretanto, parcelas da população ainda não têm acesso aos serviços e à resolução dos seus problemas de saúde, em especial, aos de saúde bucal. Dentre os preteridos, estão os indivíduos com transtornos mentais, especialmente, as pessoas com esquizofrenia, doença crônica que atinge cerca de 1% da população. Este transtorno normalmente inicia-se antes dos 25 anos de idade, afetando pessoas de todas as classes sociais. O presente trabalho teve como objetivo geral averiguar o acesso à atenção em Saúde Bucal oferecida aos pacientes com esquizofrenia, no âmbito da Atenção Primária, no município de Fortaleza-Ceará. Os objetivos específicos foram investigar o grau de satisfação de pacientes com esquizofrenia e/ou seus cuidadores, acompanhados no hospital de referência em saúde mental no Ceará - Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM) – Fortaleza-Ce, em relação ao acesso à atenção em saúde bucal oferecida na Estratégia Saúde da Família (ESF) em Fortaleza-Ce; identificar a formação e capacidade/competência técnica autorreferidas dos cirurgiões - dentistas da Estratégia Saúde da Família de Fortaleza-Ce, para o cuidado, o atendimento e a resolutividade às demandas dos pacientes com esquizofrenia. Realizou-se um estudo transversal, com abordagem quantitativa (entrevistas estruturadas), em duas etapas (uma com profissionais da saúde bucal e outra com pacientes/cuidadores). Um total de 162 dentistas da ESF de Fortaleza e 100 pacientes com esquizofrenia e/ou cuidadores do HSMM foram entrevistados. Os dentistas tinham 40,4 (DP ±7,3) anos de idade. A maioria era do sexo feminino (n = 115; 70,9%), branco (n = 80; 49,3%), católica e casado (n = 123). 126 (77,7%) têm pelo menos uma especialização (por exemplo, a saúde pública), com 16,8 (DP ± 6,8) anos desde a graduação no curso de Odontologia. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (n = 67), pardos (n = 60), católicos (n = 50), solteiros (n = 84), com idade média 35,7 anos (DP ± 11,7). A maioria dos pacientes (n=58, 58%) procuraram tratamento dentário, mas apenas a metade destes (n=29) conseguiu obter cuidados; 25 deles comparam o atendimento odontológico da unidade de saúde com outros serviços privados locais e o classificaram como muito melhor, melhor ou igual em 72% das vezes (n=18). A maioria dos pacientes (88,7% dos 62 pacientes) gostaria de ter o seu tratamento realizado perto de casa, ao mesmo tempo que os profissionais de saúde bucal (n=156, 96,2%) acreditam que a coordenação do cuidado deve ser feita pela Atenção Primária à Saúde. Enquanto os profissionais (n = 92; 63,4% dos 145 inquiridos) dizem que há necessidade de capacitação para o atendimento de pacientes com esquizofrenia, os pacientes/cuidadores (79 de 96; 82,2%) não percebem o seu diagnóstico de esquizofrenia como um impedimento para os seus cuidados na atenção primária. Ambos os grupos pesquisados (profissionais e pacientes) atribuíram uma pontuação baixa – 5,8 e 5,0 – quando questionados sobre a resolutividade e a atenção dada, respectivamente, por equipes saúde bucal na atenção básica. Os dados apontam para necessidade de melhorias no acesso e resolutividade da atenção em saúde bucal de pacientes com esquizofrenia. Para tanto, a ESB precisa ser melhor capacitada, com a garantia de insumos e equipamentos indispensáveis ao atendimento desta e de outras populações de risco. Atualmente, quando a existência do próprio SUS está sob forte ameaça, é mister que cada trabalhador da ESF tenha como compromisso pessoal, a defesa por uma saúde pública de qualidade e equânime, sendo essa, condição imprescindível para a justiça social plena, sob pena de vermos fracassar todos os direitos adquiridos pela população brasileira, nestes anos de nossa infante democracia.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL OFERECIDA AOS PACIENTES COM ESQUIZOFRENIA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Autor(a)
LUIZA DE PAULA SOUSA
Orientador(a)
Anya Pimentel Gomes Fernandes Vieira Meyer
Palavras-chave
Saúde bucal; Estratégia Saúde da Família; Transtornos mentais; Esquizofrenia
Resumo
A constituição brasileira de 1988 criou o Sistema Único de Saúde (SUS), regido pelos princípios de Universalidade, Equidade e Integralidade. Entretanto, parcelas da população ainda não têm acesso aos serviços e à resolução dos seus problemas de saúde, em especial, aos de saúde bucal. Dentre os preteridos, estão os indivíduos com transtornos mentais, especialmente, as pessoas com esquizofrenia, doença crônica que atinge cerca de 1% da população. Este transtorno normalmente inicia-se antes dos 25 anos de idade, afetando pessoas de todas as classes sociais. O presente trabalho teve como objetivo geral averiguar o acesso à atenção em Saúde Bucal oferecida aos pacientes com esquizofrenia, no âmbito da Atenção Primária, no município de Fortaleza-Ceará. Os objetivos específicos foram investigar o grau de satisfação de pacientes com esquizofrenia e/ou seus cuidadores, acompanhados no hospital de referência em saúde mental no Ceará - Hospital de Saúde Mental de Messejana (HSMM) – Fortaleza-Ce, em relação ao acesso à atenção em saúde bucal oferecida na Estratégia Saúde da Família (ESF) em Fortaleza-Ce; identificar a formação e capacidade/competência técnica autorreferidas dos cirurgiões - dentistas da Estratégia Saúde da Família de Fortaleza-Ce, para o cuidado, o atendimento e a resolutividade às demandas dos pacientes com esquizofrenia. Realizou-se um estudo transversal, com abordagem quantitativa (entrevistas estruturadas), em duas etapas (uma com profissionais da saúde bucal e outra com pacientes/cuidadores). Um total de 162 dentistas da ESF de Fortaleza e 100 pacientes com esquizofrenia e/ou cuidadores do HSMM foram entrevistados. Os dentistas tinham 40,4 (DP ±7,3) anos de idade. A maioria era do sexo feminino (n = 115; 70,9%), branco (n = 80; 49,3%), católica e casado (n = 123). 126 (77,7%) têm pelo menos uma especialização (por exemplo, a saúde pública), com 16,8 (DP ± 6,8) anos desde a graduação no curso de Odontologia. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (n = 67), pardos (n = 60), católicos (n = 50), solteiros (n = 84), com idade média 35,7 anos (DP ± 11,7). A maioria dos pacientes (n=58, 58%) procuraram tratamento dentário, mas apenas a metade destes (n=29) conseguiu obter cuidados; 25 deles comparam o atendimento odontológico da unidade de saúde com outros serviços privados locais e o classificaram como muito melhor, melhor ou igual em 72% das vezes (n=18). A maioria dos pacientes (88,7% dos 62 pacientes) gostaria de ter o seu tratamento realizado perto de casa, ao mesmo tempo que os profissionais de saúde bucal (n=156, 96,2%) acreditam que a coordenação do cuidado deve ser feita pela Atenção Primária à Saúde. Enquanto os profissionais (n = 92; 63,4% dos 145 inquiridos) dizem que há necessidade de capacitação para o atendimento de pacientes com esquizofrenia, os pacientes/cuidadores (79 de 96; 82,2%) não percebem o seu diagnóstico de esquizofrenia como um impedimento para os seus cuidados na atenção primária. Ambos os grupos pesquisados (profissionais e pacientes) atribuíram uma pontuação baixa – 5,8 e 5,0 – quando questionados sobre a resolutividade e a atenção dada, respectivamente, por equipes saúde bucal na atenção básica. Os dados apontam para necessidade de melhorias no acesso e resolutividade da atenção em saúde bucal de pacientes com esquizofrenia. Para tanto, a ESB precisa ser melhor capacitada, com a garantia de insumos e equipamentos indispensáveis ao atendimento desta e de outras populações de risco. Atualmente, quando a existência do próprio SUS está sob forte ameaça, é mister que cada trabalhador da ESF tenha como compromisso pessoal, a defesa por uma saúde pública de qualidade e equânime, sendo essa, condição imprescindível para a justiça social plena, sob pena de vermos fracassar todos os direitos adquiridos pela população brasileira, nestes anos de nossa infante democracia.
Abstract
The brazillian constitution of 1988 created the Health Unique System (SUS) governed by principles of Universality, Equity and Integrity. However, part of the population still do not have access to the services and resolution of their problems, specially, those related to oral health. Individuals with mental health problems, specially, schizophrenia, which are 1% of the population are among this group of patients that do not have access. Schizophrenia, a chronic disease, normally initiates at age 25 and can affect all social classes. The current study has the general objective to analyze the oral health attention offered to patients with schizophrenia and their caregivers, as a primary concern, in the city of Fortaleza-Ceará. The specific objectives were to investigate the satisfaction’s degree of patients with schizophrenia and/or caregivers in the mental health reference hospital Messejana Hospital of Mental Health (HSMM), in relation to the access of attention in oral health offered by the Family Health Strategy (ESF) in Fortaleza-Ceará; identify the formation and technical capacity/competence of dentists in the Family Health Strategy (ESF) in Fortaleza-Ceará, in relation to care, resolution of problems and attendance of the demands of this group of patients. A transversal study was conducted in 2 phases (interviews with professional and patients/caregivers) with a quantitative approach. A total of 162 ESF dentists in Fortaleza and 100 schizophrenia patients and/or caregivers of HSMM were interviewed. The dentists had 40,4 (SD±7,3) years of age. The majority female (n = 115; 70,9%), caucasian (n = 80; 49,3%), catholic and married (n = 123). 126 (77,7%) has at least one specialization (for instance, public health), with 16,8 (SD ± 6,8) years, since their graduation in dentistry. Most of the patients were male (n = 67), brown (n = 60), catholics (n = 50), single (n = 84), with a mean age of 35,7 years (SD ± 11,7). The majority of patients (n=58, 58%) seeked for dental treatment, however only half (n = 29) could receive dental care; 25 compared dental treatment of their current public dental unit with others private dental offices and classified care at a higher level, better or equal in 72% of the time (n = 18). The majority of the patients (88,7% of 62) would like to receive dental primary care close to their homes, at the same time that dental professionals (n=156, 96,2%) believe that dental care should be given by the Primary Health Attention. While the professionals (n = 92; 63,4% of the 145 included) states that a specific training is required in order to treat adequately patients with schizophrenia, the patients/caregivers (79 of 96; 82,2%) do not attempt to the importance of specific training to treat this group of patients effectively in primary attention. Both groups (professionals and patients) attributed a low level grade - 5,8 e 5,0 – when questioned about resoluteness and attention, respectively, given by dental health groups in basic attention. Data points out for the needs of improvments on oral health access and resolutivity and access for this group. ESB should receive specific training, inputs and equipments to garanty a more adequate treatment for this group of patients and other patients at risk. At this time, when the maintenance of SUS is in threat, it is primordial that each ESF provider commits in defense to a more equal and higher quality of public health care. Moreover, this requirement is indispensable for a more adequate social justice, which all the rights acquired by the brazillian population may be in threat due to our infant democracy.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2016
Nucleadora
Instituição
FIOCRUZ
UF
CE