Millena Teles Portela de Oliveira
O acesso e a integralidade do cuidado dos serviços de saúde bucal consistem em grandes desafios para gestores e profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS). Diante disso, esta pesquisa orienta-se pelo seguinte questionamento: Qual a implicação da aplicação de um método de estratificação de risco para a regulação do
acesso aos serviços de saúde bucal na APS? O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar a aplicação de um método de estratificação de risco para regulação do acesso à APS em Saúde Bucal no município de Cariré, Ceará. Realizou-se uma pesquisa interventiva com 07 Equipes de Saúde Bucal (ESB), em quatro momentos no período de maio a outubro de 2022. Questionário, ata de reunião, estratificação de risco populacional e grupo focal foram utilizados como métodos de coleta de dados. A análise dos dados qualitativos deu-se a partir da técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011), com o auxílio do software Atlas.ti, e os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística descritiva e regressão logística ordinal. Os resultados apontaram a estratificação de risco como potencial estratégia para coordenação da atenção à saúde bucal e promoção da equidade na APS. O tempo necessário para preenchimento da ficha de estratificação, e a alta demanda por atendimento são fatores limitantes na utilização dessa estratégia. Os critérios para estratificação de risco mostraram-se estatisticamente significativas na determinação do risco individual de saúde bucal (p<0,0001). De todos os preditores, o sexo, ciclo de vida e idade não impactaram de modo decisivo no risco de desenvolvimento de doenças bucais. Os critérios odontológicos, biológicos e de autocuidado, no entanto, mostraram-se estatisticamente relevantes na determinação do risco individual de saúde bucal. Portanto, conclui-se que o método de estratificação de risco está indicado, embora o tempo seja um limitante para aplicação do mesmo; o acesso continua a ser uma das principais preocupações dos profissionais de saúde bucal da atenção primária à saúde e os critérios de autocuidado, que abrangem a falta de acesso à educação e aos serviços de saúde bucal, a falta de acesso a água e creme dental fluoretado, dieta cariogênica e higiene bucal inadequada foram os que mais contribuíram para aumento das chances de o sujeito apresentar alto risco de desenvolvimento de doenças bucais.
ANÁLISE DA APLICAÇÃO DE UM MÉTODO DE ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO PARA REGULAÇÃO DO ACESSO À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE BUCAL
Autor(a)
Millena Teles Portela de Oliveira
Orientador(a)
Pollyanna Martins Pereira
Palavras-chave
Atenção Primária à Saúde; Saúde Bucal; Integralidade do cuidado; Coordenação do cuidado; Necessidades e Demandas de Serviços de Saúde.
Resumo
O acesso e a integralidade do cuidado dos serviços de saúde bucal consistem em grandes desafios para gestores e profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS). Diante disso, esta pesquisa orienta-se pelo seguinte questionamento: Qual a implicação da aplicação de um método de estratificação de risco para a regulação do
acesso aos serviços de saúde bucal na APS? O objetivo desta pesquisa consistiu em analisar a aplicação de um método de estratificação de risco para regulação do acesso à APS em Saúde Bucal no município de Cariré, Ceará. Realizou-se uma pesquisa interventiva com 07 Equipes de Saúde Bucal (ESB), em quatro momentos no período de maio a outubro de 2022. Questionário, ata de reunião, estratificação de risco populacional e grupo focal foram utilizados como métodos de coleta de dados. A análise dos dados qualitativos deu-se a partir da técnica de análise de conteúdo de Bardin (2011), com o auxílio do software Atlas.ti, e os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística descritiva e regressão logística ordinal. Os resultados apontaram a estratificação de risco como potencial estratégia para coordenação da atenção à saúde bucal e promoção da equidade na APS. O tempo necessário para preenchimento da ficha de estratificação, e a alta demanda por atendimento são fatores limitantes na utilização dessa estratégia. Os critérios para estratificação de risco mostraram-se estatisticamente significativas na determinação do risco individual de saúde bucal (p<0,0001). De todos os preditores, o sexo, ciclo de vida e idade não impactaram de modo decisivo no risco de desenvolvimento de doenças bucais. Os critérios odontológicos, biológicos e de autocuidado, no entanto, mostraram-se estatisticamente relevantes na determinação do risco individual de saúde bucal. Portanto, conclui-se que o método de estratificação de risco está indicado, embora o tempo seja um limitante para aplicação do mesmo; o acesso continua a ser uma das principais preocupações dos profissionais de saúde bucal da atenção primária à saúde e os critérios de autocuidado, que abrangem a falta de acesso à educação e aos serviços de saúde bucal, a falta de acesso a água e creme dental fluoretado, dieta cariogênica e higiene bucal inadequada foram os que mais contribuíram para aumento das chances de o sujeito apresentar alto risco de desenvolvimento de doenças bucais.
Abstract
Access to and integrality of care in oral health services are major challenges for managers and professionals in Primary Health Care (PHC). That said, this research is guided by the following question: What is the implication of applying a risk stratification method for regulating access to oral health services in PHC? The objective of this
research was to analyze the application of a risk stratification method for regulating access to PHC in Oral Health in the municipality of Cariré, Ceará. An interventional research was carried out with 07 Oral Health Teams (OHT), in four moments from May to October 2022. Questionnaire, meeting minutes, population risk stratification and
focus group were used as methods of data collect. The qualitative data analysis was performed using the content analysis technique of Bardin (2011), with the help of the Atlas.ti software, and the quantitative data were analyzed using descriptive statistics and ordinal logistic regression. The results pointed to risk stratification as a potential
strategy for coordinating oral health care and promoting equity in PHC. The time required to complete the stratification form and the high demand for care are limiting factors in the use of this strategy. The criteria for risk stratification were statistically significant in determining individual oral health risk (p<0.0001). Of all the predictors,
sex, life cycle and age did not significantly impact the risk of developing oral diseases. The dental, biological and self-care criteria, however, were statistically significant in determining the individual risk of oral health. Therefore, it is concluded that the risk stratification method is indicated, although time is a limiting factor for its application; access remains one of the main concerns of oral health professionals in primary health care and self-care criteria, which include lack of access to education and oral health services, lack of access to fluoridated water and toothpaste , cariogenic diet and inadequate oral hygiene were the ones that most contributed to increase the chances of the subject present a high risk of developing oral diseases.
