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SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA: UM OLHAR POR MEIO DE FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO FAMILIAR
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2019_UVA_Dissertação_Rejane Maria Pereira
O atendimento odontológico às pessoas com deficiência possui características peculiares e específicas, no qual a produtividade não deve ser avaliada em termos quantitativos, cabendo à ESB atender esses usuários em níveis crescentes de complexidade, acompanhando a evolução de cada caso e encaminhando para as unidades de atenção especializada somente quando for necessário. Trata-se de uma investigação descritiva com abordagem qualitativa. A investigação ocorreu com seis famílias de crianças com deficiência na faixa etária até 12 anos, ambos os gêneros, parcial ou totalmente incapazes para o autocuidado, cadastradas e domiciliadas no território da Estratégia Saúde da Família denominada Área de Vigilância à Saúde I em Santana do Acaraú, Ceará. O estudo aconteceu no período de junho a agosto de 2019. A coleta de dados da investigação foi executada em duas etapas, a primeira se constituiu na consulta aos prontuários das famílias e aos Agentes Comunitários da Saúde para se definir a amostra a ser estudada. Realizou-se, nesta etapa, pelo menos uma visita domiciliar a cada família, a fim de explicar o projeto e estabelecer a confiança com os familiares das crianças da investigação. A segunda etapa se deu em duas fases. Na primeira fase, obteve-se dados, por meio de entrevista semiestruturada, para se averiguar o nível socioeconômico, além de identificar os saberes e práticas das famílias em relação às boas práticas em saúde bucal. Nesta fase, também se obteve dados para a construção das ferramentas genograma e ecomapa, a fim de se obter uma clara visualização da estrutura interna da família, a dimensão da dinâmica familiar, as relações intrafamiliares e com universo vivenciado pelas famílias, a partir da pessoa índice. Na segunda fase da segunda etapa da coleta de dados, foi realizado o levantamento dos índices de placa bacteriana e gengival das crianças com deficiência e seus familiares. Em média, foram realizadas quatro visitas domiciliares a cada família na segunda etapa do estudo e cinco em toda a investigação. Os resultados mostraram que a situação socioeconômica da quase totalidade das famílias não está abaixo da linha da pobreza; que as moradias não possuem alta densidade domiciliar, não colocando as famílias em risco de saúde; que a fonte de renda das famílias provém, na maior parte dos núcleos familiares, de recursos do governo federal. Na avaliação para aferição dos índices de placa e índice gengival, os achados revelaram uma prevalência de baixa a moderada de presença de placa e inflamação gengival, obtendo-se uma correlação positiva entre índice de placa e índice gengival. As dificuldades encontradas pelos cuidadores para realizar a higiene oral das crianças foram: durante a execução da higiene oral, a criança não abre a boca e empurra a escova com a língua (2); a criança não abre a boca e morde a escova (1); a criança não abre a boca, empurra a escova com a língua, tosse, vomita (1); a criança quer vomitar (1) e a criança quer terminar rápido (1). Percebeu-se que os cuidadores conhecem as informações referentes a saberes e práticas no cuidar da saúde bucal, embora que partes delas estejam incompletas ou incorretas. Outro relevante achado do estudo mostrou que somente 1/6 dos cuidadores apresentou adoecimento. O estudo evidenciou a necessidade e a importância de se instituir programas de atenção à saúde bucal focados em orientar os familiares e cuidadores para a efetividade da higiene oral das crianças com deficiências; mostrou a relevância da visita domiciliar para efetivar vínculos e das ferramentas de abordagem familiar: Genograma e ecomapa como instrumentos de avaliação e compreensão da complexidade dos contextos de vida e do processo saúde-doença das famílias.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA: UM OLHAR POR MEIO DE FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO FAMILIAR
Autor(a)
Rejane Maria Pereira
Orientador(a)
Cibelly Aliny Siqueira Lima Freitas
Palavras-chave
Pessoas com Deficiência. Saúde Bucal. Relações Familiares. Estratégia Saúde da Família.
Resumo
O atendimento odontológico às pessoas com deficiência possui características peculiares e específicas, no qual a produtividade não deve ser avaliada em termos quantitativos, cabendo à ESB atender esses usuários em níveis crescentes de complexidade, acompanhando a evolução de cada caso e encaminhando para as unidades de atenção especializada somente quando for necessário. Trata-se de uma investigação descritiva com abordagem qualitativa. A investigação ocorreu com seis famílias de crianças com deficiência na faixa etária até 12 anos, ambos os gêneros, parcial ou totalmente incapazes para o autocuidado, cadastradas e domiciliadas no território da Estratégia Saúde da Família denominada Área de Vigilância à Saúde I em Santana do Acaraú, Ceará. O estudo aconteceu no período de junho a agosto de 2019. A coleta de dados da investigação foi executada em duas etapas, a primeira se constituiu na consulta aos prontuários das famílias e aos Agentes Comunitários da Saúde para se definir a amostra a ser estudada. Realizou-se, nesta etapa, pelo menos uma visita domiciliar a cada família, a fim de explicar o projeto e estabelecer a confiança com os familiares das crianças da investigação. A segunda etapa se deu em duas fases. Na primeira fase, obteve-se dados, por meio de entrevista semiestruturada, para se averiguar o nível socioeconômico, além de identificar os saberes e práticas das famílias em relação às boas práticas em saúde bucal. Nesta fase, também se obteve dados para a construção das ferramentas genograma e ecomapa, a fim de se obter uma clara visualização da estrutura interna da família, a dimensão da dinâmica familiar, as relações intrafamiliares e com universo vivenciado pelas famílias, a partir da pessoa índice. Na segunda fase da segunda etapa da coleta de dados, foi realizado o levantamento dos índices de placa bacteriana e gengival das crianças com deficiência e seus familiares. Em média, foram realizadas quatro visitas domiciliares a cada família na segunda etapa do estudo e cinco em toda a investigação. Os resultados mostraram que a situação socioeconômica da quase totalidade das famílias não está abaixo da linha da pobreza; que as moradias não possuem alta densidade domiciliar, não colocando as famílias em risco de saúde; que a fonte de renda das famílias provém, na maior parte dos núcleos familiares, de recursos do governo federal. Na avaliação para aferição dos índices de placa e índice gengival, os achados revelaram uma prevalência de baixa a moderada de presença de placa e inflamação gengival, obtendo-se uma correlação positiva entre índice de placa e índice gengival. As dificuldades encontradas pelos cuidadores para realizar a higiene oral das crianças foram: durante a execução da higiene oral, a criança não abre a boca e empurra a escova com a língua (2); a criança não abre a boca e morde a escova (1); a criança não abre a boca, empurra a escova com a língua, tosse, vomita (1); a criança quer vomitar (1) e a criança quer terminar rápido (1). Percebeu-se que os cuidadores conhecem as informações referentes a saberes e práticas no cuidar da saúde bucal, embora que partes delas estejam incompletas ou incorretas. Outro relevante achado do estudo mostrou que somente 1/6 dos cuidadores apresentou adoecimento. O estudo evidenciou a necessidade e a importância de se instituir programas de atenção à saúde bucal focados em orientar os familiares e cuidadores para a efetividade da higiene oral das crianças com deficiências; mostrou a relevância da visita domiciliar para efetivar vínculos e das ferramentas de abordagem familiar: Genograma e ecomapa como instrumentos de avaliação e compreensão da complexidade dos contextos de vida e do processo saúde-doença das famílias.
Abstract
Dental care for people with disabilities has peculiar and specific characteristics, in which productivity should not be evaluated in quantitative terms, and ESB should serve these users in increasing levels of complexity, following the evolution of each case and forwarding to specialized the care units only when necessary. This is a descriptive research with qualitative approach. The investigation took place with six families of children with disabilities in the age group up to 12 years old, both genders, partially or totally unable to self-care, registered and domiciled in the territory of the Family Health Strategy called Health Surveillance Area I in Santana do Acaraú, Ceará. The study took place from June to August 2019. The investigation data collection was performed in two steps. The first stage consisted of consulting the family records and the Community Health Agents to define the sample to be studied. At least one home visit to each family was conducted to explain the project and establish trust with the relatives of the research children. The second stage took place in two phases. In the first phase, data were obtained through an unstructured interview to verify the socioeconomic level, as well as identifying the knowledge and practices of the families in relation to the good practices in oral health. In this phase, data were also obtained for the construction of the genogram and ecomap tools, in order to obtain a clear visualization of the internal structure of the family, the dimension of the family dynamics, the family relationships and the universe experienced by the families from the index person. In the second phase of the second stage of data collection, the indexes of plaque and gingival plaques of children with disabilities and their families were surveyed. On average, five home visits were made to each family in the second phase of the study. The results showed that the socioeconomic situation of almost all families is not below the poverty line, that housing does not have a high household density and does not put families at risk of health; that the source of income of the families comes mostly from the family nuclei, from federal government resources. In the evaluation of plaque index and gingival index, the findings revealed a low to moderate prevalence of plaque presence and gingival inflammation, obtaining a positive correlation between plaque index and gingival index. The difficulties encountered by caregivers to perform oral hygiene for children were: during oral hygiene, the child does not open the mouth and pushes the brush with the tongue (2), the child does not open the mouth and bites the brush (1 ), the child does not open his mouth, pushes the brush with his tongue, coughs, vomits (1), the child wants to vomit (1) and the child wants to finish quickly (1). It was noticed that caregivers know the information regarding knowledge and practices in oral health care, although parts of them are incomplete or incorrect. Another relevant finding of the study showed that only 1/6 of the caregivers presented illness. The study highlighted the need and importance of establishing oral health care programs focused on guiding family members and caregivers to the effectiveness of oral hygiene in children with disabilities; showed the relevance of home visiting to establish bonds and family approach tools: Genogram and ecomap as instruments of assessment and understanding of the complexity of life contexts and the health-disease process of families.
Linha de Pesquisa
Promoção da Saúde
Ano Defesa
2019
Nucleadora
Instituição
UVA
UF
CE