Genissandra Rodrigues Quariguasi
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por prejuízos na comunicação, interação social e comportamental e tem se tornado um problema de saúde pública. De maneira geral, a família e os cuidadores são os primeiros a identificar alterações comportamentais na criança, e a puericultura torna-se um momento de grande relevância para identificar sinais do TEA. Assim, a pesquisa objetivou analisar o conhecimento dos profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA); descrever os resultados da aplicação do instrumento de rastreamento dos sinais de alerta para o TEA junto às crianças e famílias na consulta de puericultura; identificar as contribuições da aplicação de um instrumento para identificação precoce do TEA durante a consulta de puericultura na Estratégia Saúde da Família e elaborar a proposta de um curso para os profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Pesquisa de intervenção, com abordagem qualitativa, no município de Frecheirinha, Ceará. Os participantes foram constituídos por 14 crianças atendidas nas consultas de puericultura nas Unidades de Saúde da sede I e II, e os familiares cuidadores; e dois profissionais médicos e dois enfermeiros da equipe de ESF da sede. A coleta de dados ocorreu de julho a outubro de 2022, por meio de entrevista no Google forms com os profissionais e da aplicação da Escala M-CHAT com 14 crianças e respectivas famílias. A análise dos dados foi procedida de forma descritiva, mediante a análise de conteúdo de Bardin. Os profissionais referiram conhecimento incipiente sobre TEA, outro destacou o acesso ao conteúdo, como etiologia e epidemiologia sobre o TEA. Quando questionados sobre os aspectos relacionados ao diagnóstico de TEA, um participante mencionou os principais sinais de alerta, como as manifestações
comportamentais e o déficit de interação social, outros destacaram o diagnóstico clínico durante as consultas de puericultura. No que se refere à identificação dos principais sinais de alerta para o TEA e a fase do desenvolvimento da criança, alguns participantes mencionaram déficit de comunicação e atenção, atraso para andar e, outro profissional desconheceu. Quando se perguntou aos participantes a relação da consulta de puericultura com a detecção precoce dos sinais de alerta para o TEA, dois afirmaram que sim, outros referiram a importância da puericultura na detecção precoce do TEA, assim como o envolvimento da família no diagnóstico. A avaliação das crianças durante a puericultura, por intermédio da Escala M-chat, constatou que oito apresentaram baixo risco, duas com risco moderado e quatro com alto risco para autismo. As duas crianças com risco moderado eram do sexo masculino, uma menor de dois anos de idade, a outra entre dois e cinco anos. Durante as consultas de puericultura na ESF, avaliou-se o risco para autismo em crianças, mediante a aplicação do M-Chat. Ratifica-se o potencial da atenção básica no diagnóstico dos sinais de alerta para o TEA, assim como encaminhamento e acompanhamento desses indivíduos para especialistas. A identificação de sintomas de risco como parte da rotina de profissionais que trabalham com a população infantil, bem como a formação de equipes interdisciplinares especializadas para apoiar os profissionais na atenção primária à saúde, constituem aspectos relevantes para que o diagnóstico seja determinado de forma segura, mesmo em crianças de tenra idade. A pesquisa apresentou impacto sobre o processo de trabalho na ESF do município estudado, uma vez que se identificou a baixa adesão às consultas de puericultura, importante dispositivo para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Com o estudo, espera-se melhor organização e planejamento do cuidado à criança na atenção básica.
RASTREAMENTO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA PUERICULTURA: INTERVENÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Autor(a)
Genissandra Rodrigues Quariguasi
Orientador(a)
Cibelly Aliny Siqueira Lima Freitas
Palavras-chave
Transtorno do Espectro Autista; Educação Permanente; Atenção Primária à Saúde.
Resumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por prejuízos na comunicação, interação social e comportamental e tem se tornado um problema de saúde pública. De maneira geral, a família e os cuidadores são os primeiros a identificar alterações comportamentais na criança, e a puericultura torna-se um momento de grande relevância para identificar sinais do TEA. Assim, a pesquisa objetivou analisar o conhecimento dos profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA); descrever os resultados da aplicação do instrumento de rastreamento dos sinais de alerta para o TEA junto às crianças e famílias na consulta de puericultura; identificar as contribuições da aplicação de um instrumento para identificação precoce do TEA durante a consulta de puericultura na Estratégia Saúde da Família e elaborar a proposta de um curso para os profissionais da Estratégia Saúde da Família sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Pesquisa de intervenção, com abordagem qualitativa, no município de Frecheirinha, Ceará. Os participantes foram constituídos por 14 crianças atendidas nas consultas de puericultura nas Unidades de Saúde da sede I e II, e os familiares cuidadores; e dois profissionais médicos e dois enfermeiros da equipe de ESF da sede. A coleta de dados ocorreu de julho a outubro de 2022, por meio de entrevista no Google forms com os profissionais e da aplicação da Escala M-CHAT com 14 crianças e respectivas famílias. A análise dos dados foi procedida de forma descritiva, mediante a análise de conteúdo de Bardin. Os profissionais referiram conhecimento incipiente sobre TEA, outro destacou o acesso ao conteúdo, como etiologia e epidemiologia sobre o TEA. Quando questionados sobre os aspectos relacionados ao diagnóstico de TEA, um participante mencionou os principais sinais de alerta, como as manifestações
comportamentais e o déficit de interação social, outros destacaram o diagnóstico clínico durante as consultas de puericultura. No que se refere à identificação dos principais sinais de alerta para o TEA e a fase do desenvolvimento da criança, alguns participantes mencionaram déficit de comunicação e atenção, atraso para andar e, outro profissional desconheceu. Quando se perguntou aos participantes a relação da consulta de puericultura com a detecção precoce dos sinais de alerta para o TEA, dois afirmaram que sim, outros referiram a importância da puericultura na detecção precoce do TEA, assim como o envolvimento da família no diagnóstico. A avaliação das crianças durante a puericultura, por intermédio da Escala M-chat, constatou que oito apresentaram baixo risco, duas com risco moderado e quatro com alto risco para autismo. As duas crianças com risco moderado eram do sexo masculino, uma menor de dois anos de idade, a outra entre dois e cinco anos. Durante as consultas de puericultura na ESF, avaliou-se o risco para autismo em crianças, mediante a aplicação do M-Chat. Ratifica-se o potencial da atenção básica no diagnóstico dos sinais de alerta para o TEA, assim como encaminhamento e acompanhamento desses indivíduos para especialistas. A identificação de sintomas de risco como parte da rotina de profissionais que trabalham com a população infantil, bem como a formação de equipes interdisciplinares especializadas para apoiar os profissionais na atenção primária à saúde, constituem aspectos relevantes para que o diagnóstico seja determinado de forma segura, mesmo em crianças de tenra idade. A pesquisa apresentou impacto sobre o processo de trabalho na ESF do município estudado, uma vez que se identificou a baixa adesão às consultas de puericultura, importante dispositivo para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Com o estudo, espera-se melhor organização e planejamento do cuidado à criança na atenção básica.
Abstract
Autism spectrum disorder (ASD) is characterized by impairments in communication, social and behavioral interaction and has become a public health problem. In general, the family and caregivers are the first to identify behavioral changes in children and childcare becomes a moment of great relevance to identify signs of ASD. Thus, the research aims to analyze the knowledge of Family Health Strategy professionals about Autistic Spectrum Disorder (ASD); to describe the results of the application of the
instrument for tracking the warning signs for ASD with children and their families in the childcare consultation; to identify the contributions of the application of an instrument for the early identification of ASD during the childcare consultation in the Family Health Strategy and to elaborate a proposal for a course for professionals of the Family Health Strategy on Autistic Spectrum Disorder (ASD). Intervention research with a qualitative approach, in the municipality of Frecheirinha, Ceará. The participants consisted of: 14 children assisted in childcare consultations at the health units at headquarters I and II, and their family caregivers; and two medical professionals and two nurses from the ESF team at the headquarters. Date collection took place from July to October 2022, through an interview on Google forms with professionals and the application of the M-CHAT Scale with 14 children and their families. Analysis was carried out descriptively using Bardin's content analysis. Professionals mentioned incipient knowledge about ASD, another highlighted access to content such as etiology and epidemiology about ASD. When questioned about aspects related to the diagnosis of ASD, one participant mentioned the main warning signs such as behavioral manifestations and social interaction deficit, others highlighted the clinical diagnosis during childcare consultations. With regard to the identification of the main warning signs for ASD and the child's developmental stage, some participants mentioned communication and attention deficit, delay in walking, and another professional is unaware. When we asked the participants about the relationship between the Childcare consultation and the early detection of ASD warning signs, two only said yes, others mentioned the importance of childcare in the early detection of ASD, as well as the family's involvement in the diagnosis. The evaluation of the children during childcare using the M-chat scale showed that eight were at low risk, two at moderate risk and four at high risk for autism. The two children at moderate risk were male, one younger than two years old, the other between two and five years old. During the childcare consultations at the ESF, in which the risk of autism in children was assessed through the application of the M-Chat, the potential of primary care in diagnosing the warning signs for ASD was confirmed, as well as the referral and follow-up of these individuals to specialists. The identification of risk symptoms as part of the routine of professionals who work with the child population, as well as the formation of specialized interdisciplinary teams to support professionals in primary health care, so that the diagnosis can be determined safely, even in children of young age. The research had an impact on the work process at the ESF in the municipality studied, since we even identified low adherence to childcare consultations, an important device for monitoring child growth and development. With the study, a better organization and planning of child care in primary care is expected.
