PROGRAMA ESTRATÉGICO DE FORTIFICAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL COM MICRONUTRIENTES EM PÓ (NUTRISUS) NO ESTADO DO ACRE: PERCEPÇÃO DOS COORDENADORES QUANTO À SUA OPERACIONALIZAÇÃO
Douglas Oliveira Vieira
A infância caracteriza-se como um período de crescimento e desenvolvimento intenso. Nos primeiros anos de vida, a oferta inadequada de nutrientes compromete o desenvolvimento da criança e poderá levá-la a um quadro de má nutrição. Práticas alimentares inadequadas nessa fase estão intimamente relacionadas à morbimortalidade em crianças, representadas por desnutrição, excesso de peso e carências específicas de micronutrientes como a deficiência de ferro, zinco e vitamina A. Assim, a partir de 2014/2015, o Ministério da Saúde passou a recomendar o Programa Estratégico de Fortificação da Alimentação Infantil com Micronutrientes em Pó (NutriSUS). Objetivou-se com a presente pesquisa descrever a percepção dos coordenadores sobre o programa nutrisus no estado do Acre. O estudo caracteriza-se como descritivo, de abordagem predominante qualitativo, abrangendo nove municípios acreanos que realizaram adesão/pactuação do programa. Os participantes da pesquisa foram onze coordenadores do NutriSUS, entre profissionais da saúde e da educação municipal. A coleta ocorreu de forma virtual, por meio da aplicação de um instrumento contendo 29 questões abertas e fechadas; para análise de dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Todos os aspectos éticos foram respeitados com aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal do Ceará, sob o parecer n. 5.002.726. Participaram 11 coordenadores, a maioria do sexo feminino, da área saúde, com faixa etária entre 30-49 anos, com especialização lato sensu e experiência na área há mais de dez anos. A grande maioria não conhecia o programa, mas receberam formação. Os resultados apontaram divergências no armazenamento e intervalo entre os ciclos recomendados, além disso, a maior parte dos entrevistados mencionaram que adequaram o calendário escolar, mas não foi necessário ajustes no cardápio da merenda escolar. Todos municípios afirmaram que utilizaram a ficha de monitoramento e que em 2020 não ocorreu o NutriSUS em seu município, devido a pandemia. Foram encontradas dificuldades na comunicação e no envolvimento das equipes e rotatividade de profissionais na realidade local de cada município, no tocante ao processo de operacionalização pelas equipes municipais, mas que são passíveis de aperfeiçoamento. Também encontraram-se dificuldades no trabalho intersetorial entre saúde e educação na condução do NutriSUS. Em suma, as ações de alimentação e nutrição fortalecem os atributos da atenção primária à saúde e repercutem de forma positiva na identificação de grupos vulneráveis para a promoção da saúde e prevenção de doenças que podem reduzir os impactos para saúde da família. Porém, requer investimento na qualificação da força de trabalho.
PROGRAMA ESTRATÉGICO DE FORTIFICAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL COM MICRONUTRIENTES EM PÓ (NUTRISUS) NO ESTADO DO ACRE: PERCEPÇÃO DOS COORDENADORES QUANTO À SUA OPERACIONALIZAÇÃO
Autor(a)
Douglas Oliveira Vieira
Orientador(a)
Mariana Cavalcante Martins
Palavras-chave
Saúde da criança. Nutrição da criança. Suplementos nutricionais. Programas de nutrição aplicada. Promoção da saúde.
Resumo
A infância caracteriza-se como um período de crescimento e desenvolvimento intenso. Nos primeiros anos de vida, a oferta inadequada de nutrientes compromete o desenvolvimento da criança e poderá levá-la a um quadro de má nutrição. Práticas alimentares inadequadas nessa fase estão intimamente relacionadas à morbimortalidade em crianças, representadas por desnutrição, excesso de peso e carências específicas de micronutrientes como a deficiência de ferro, zinco e vitamina A. Assim, a partir de 2014/2015, o Ministério da Saúde passou a recomendar o Programa Estratégico de Fortificação da Alimentação Infantil com Micronutrientes em Pó (NutriSUS). Objetivou-se com a presente pesquisa descrever a percepção dos coordenadores sobre o programa nutrisus no estado do Acre. O estudo caracteriza-se como descritivo, de abordagem predominante qualitativo, abrangendo nove municípios acreanos que realizaram adesão/pactuação do programa. Os participantes da pesquisa foram onze coordenadores do NutriSUS, entre profissionais da saúde e da educação municipal. A coleta ocorreu de forma virtual, por meio da aplicação de um instrumento contendo 29 questões abertas e fechadas; para análise de dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo. Todos os aspectos éticos foram respeitados com aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Federal do Ceará, sob o parecer n. 5.002.726. Participaram 11 coordenadores, a maioria do sexo feminino, da área saúde, com faixa etária entre 30-49 anos, com especialização lato sensu e experiência na área há mais de dez anos. A grande maioria não conhecia o programa, mas receberam formação. Os resultados apontaram divergências no armazenamento e intervalo entre os ciclos recomendados, além disso, a maior parte dos entrevistados mencionaram que adequaram o calendário escolar, mas não foi necessário ajustes no cardápio da merenda escolar. Todos municípios afirmaram que utilizaram a ficha de monitoramento e que em 2020 não ocorreu o NutriSUS em seu município, devido a pandemia. Foram encontradas dificuldades na comunicação e no envolvimento das equipes e rotatividade de profissionais na realidade local de cada município, no tocante ao processo de operacionalização pelas equipes municipais, mas que são passíveis de aperfeiçoamento. Também encontraram-se dificuldades no trabalho intersetorial entre saúde e educação na condução do NutriSUS. Em suma, as ações de alimentação e nutrição fortalecem os atributos da atenção primária à saúde e repercutem de forma positiva na identificação de grupos vulneráveis para a promoção da saúde e prevenção de doenças que podem reduzir os impactos para saúde da família. Porém, requer investimento na qualificação da força de trabalho.
Abstract
Childhood is characterized as a period of intense growth and development. In the first years of life, inadequate supply of nutrients compromises the child's development and may lead to malnutrition. Inadequate dietary practices at this stage are closely related to morbidity and mortality in children, represented by malnutrition, overweight and specific deficiencies of micronutrients such as iron, zinc and vitamin A deficiency. Thus, from 2014/2015, the Ministry of Health began to recommend the Strategic Program for the Fortification of Infant Food with Micronutrient Powder (NutriSUS). The objective of this research was to describe the perception of the coordinators about the nutrisus program in the state of Acre. The study is characterized as descriptive, with a predominantly qualitative approach, covering nine municipalities in Acre that adhered to/agreed on the program. The research participants were eleven NutriSUS coordinators, among health professionals and municipal education. The collection took place in a virtual way, through the application of an instrument containing 29 open and closed questions; for data analysis, the content analysis technique was used. All ethical aspects were respected with approval by the ethics and research committee of the Federal University of Ceará, under opinion n. 5,002,726. Eleven coordinators participated, most of them female, from the health area, aged between 30-49 years, with lato sensu specialization and experience in the area for more than ten years. The vast majority did not know the program, but received training. The results showed differences in the storage and interval between the recommended cycles, in addition, most of the interviewees mentioned that they adjusted the school calendar, but it was not necessary to adjust the school lunch menu. All municipalities stated that they used the monitoring form and that in 2020 NutriSUS did not take place in their municipality, due to the pandemic. Difficulties were found in communication and in the involvement of teams and turnover of professionals in the local reality of each municipality, regarding the operationalization process by the municipal teams, but which are subject to improvement. Difficulties were also encountered in the intersectoral work between health and education in conducting NutriSUS. In short, food and nutrition actions strengthen the attributes of primary health care and have a positive impact on the identification of vulnerable groups for health promotion and disease prevention that can reduce the impacts on family health. However, it requires investment in the qualification of the workforce.
