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O “NÓS” E OS “NÓS” DO TRABALHO EM EQUIPE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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Anexos
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
O “NÓS” E OS “NÓS” DO TRABALHO EM EQUIPE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Autor(a)
Júlio César Guimarães Freire
Orientador(a)
Geraldo Eduardo Guedes de Brito
Palavras-chave
Atenção Primária à Saúde. Relações Interprofissionais; Comportamento Cooperativo; Equipe de Assistência ao Paciente; Trabalho.
Resumo
No Brasil, a adoção de programas estratégicos tem buscado legitimar e resgatar a Atenção Primária à Saúde (APS) no país desde a década de 1990, promovendo uma mudança de paradigma assistencial que visa transformar o modelo tradicional de assistência à saúde em um modelo coletivo, interprofissional e centrado
no sujeito. Nesse contexto, a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) têm a missão de proporcionar o cuidado por meio do trabalho em equipe, devido à complexidade das necessidades de saúde que são postas no nível primário de atenção, além de incentivar práticas colaborativas e interprofissionais que influenciam a produção do cuidado integral. Objetivo: Analisar a percepção do trabalho em equipe dos profissionais da APS do município de João Pessoa-PB. Método: A pesquisa foi desenvolvida a partir de um estudo de casos múltiplos em João Pessoa, com a utilização do método misto, sendo as unidades de análise os profissionais da APS. Calculou-se o tamanho amostral para
o componente quantitativo com base na probabilidade de ocorrência do evento de 50% e um erro amostral de 5%, obtendo-se uma amostra aleatória mínima de 318 profissionais da ESF e 119 das equipes NASF-AB. No componente qualitativo, definiu-se uma amostra não-probabilística adotando o critério de saturação teórica. Foram aplicados três instrumentos de coleta: questionário para autoavaliação do processo de trabalho, Escala de Clima de Equipe (ECE) e Escala Jefferson de Atitudes Relacionadas à Colaboração Interprofissional (EJARCI), além de roteiros norteadores para a realização de entrevistas semiestruturadas, presenciais, com informantes-chaves de três unidades de saúde, com e sem orientação para o trabalho colaborativo.
Os dados quantitativos foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial, utilizando o teste qui-quadrado para verificação de heterogeneidade entre as variáveis e os tipos de equipe. Para o tratamento dos dados qualitativos, empregou-se o método da análise de conteúdo de Bardin. Resultados e Discussão: A percepção do que é o trabalho em equipe identificada nesse estudo foi a de colaboração, visto que os profissionais indicaram a necessidade de interação, união, ajuda mútua, apoio e interdependência para a produção do cuidado na APS. Os trabalhadores estudados possuem expressiva disponibilidade para a colaboração interprofissional, sendo verificados escores mais elevados entre os do NASF-AB.
Acerca das potencialidades para o trabalho em equipe, foram identificados aspectos como: satisfação dos trabalhares com a relação com outros membros da equipe; satisfação com a comunicação e a clareza de papéis em suas equipes; e valorização das práticas formativas e de qualificação profissional. Como fragilidades, foram
constatados elementos impactantes ao trabalho em equipe, como: valorização do saber técnico e das práticas individuais, sobretudo nas equipes da ESF; exigência do alcance de metas pela gestão; escassez de materiais e precarização da infraestrutura; e alta demanda de atribuições na APS. Considerações Finais: Os aspectos do
trabalho em equipe identificados na APS de João Pessoa-PB implicam desafios sobre o processo de trabalho da ESF e do NASF-AB, sendo necessária a criação de estratégias de educação permanente, maior articulação ensino-serviço e investimentos institucionais, visando qualificar a produção de cuidado por meio de práticas colaborativas interprofissionais neste nível de atenção.
Abstract
In Brazil, the adoption of strategic programs has sought to legitimize and rescue Primary Health Care (PHC) in the country since the 1990s, promoting a change in the healthcare paradigm that aims to transform the traditional health care model into a collective, interprofessional, and subject-centered model. In this context, the Family Health Strategy (ESF) and the Support Center for Family Health and Primary Care (NASF-AB) have the mission of providing care through teamwork, due to the complexity of the health needs that are posed at the primary level of care, besides encouraging collaborative and interprofessional practices that influence the production of integral care. Objective: To analyze the perception of teamwork among PHC professionals in João Pessoa, State of Paraíba. Method: The research was developed from a multiple case study in João Pessoa, using the mixed method, and the units of analysis were the PHC professionals. The sample size for the quantitative component was calculated based on a 50% probability of occurrence of the event and a 5%
sampling error, obtaining a minimum random sample of 318 professionals from the ESF and 119 from the NASF-AB teams. For the qualitative component, a non-probabilistic sample was defined adopting the criterion of theoretical saturation. Three collection instruments were applied: a questionnaire for self-assessment of the work process, the Team Climate Inventory (TCI) and the Jefferson Scale of Attitudes Toward Interprofessional Collaboration (JeffSATIC), as well as guiding scripts for semi-structured, face-to-face interviews with key informants from three health units, with and without orientation toward collaborative work. The quantitative data were analyzed by descriptive and inferential statistics, using the chi-square test to verify heterogeneity among variables and team types. For the treatment of qualitative data, Bardin's content analysis method was employed. Results and Discussion: The perception of teamwork identified in this study was that of collaboration, since the professionals indicated the need for interaction, union, mutual help, support, and interdependence
for the production of care in PHC. The workers studied have expressive availability for interprofessional collaboration, with higher scores among the NASF-AB workers. About the potentialities for teamwork, we identified aspects such as: workers'satisfaction with the relationship with other team members; satisfaction with
communication and clarity of roles in their teams; and appreciation of training practices and professional qualification. As weaknesses, there were elements that impact teamwork, such as: valorization of technical knowledge and individual practices, especially in ESF teams; management demands of goal achievement; shortage of materials and precarious infrastructure; and high demand for PHC assignments. Final
Considerations: Teamwork aspects identified in the PHC of João Pessoa pose challenges to the work process of the ESF and NASF-AB, requiring the creation of continuing education strategies, greater articulation between teaching and service, and institutional investments to qualify the production of care through interprofessional
collaborative practices at this level of care.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2023
Nucleadora
Instituição
UFPB
UF
PB