-
MICROPOLÍTICA DA PRODUÇÃO DO TRABALHO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
- Voltar
Documento
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
MICROPOLÍTICA DA PRODUÇÃO DO TRABALHO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Autor(a)
RIKSBERG LEITE CABRAL
Orientador(a)
Profa. Dra. Maria Rocineide Ferreira da Silva
Palavras-chave
Estratégia Saúde da Família. Gestão em Saúde. Micropolítica.
Resumo
O Sistema Único de Saúde é resultado de lutas por reforma sanitária brasileira que surgem no bojo da decadência do modelo hegemônico de atenção à saúde e propõem a Estratégia Saúde da Família (ESF) como meio de reorientação da organização da rede de serviços e das práticas de cuidado em saúde. No entanto, há um longo caminho entre o instituído e o contexto dos serviços. Em Maracanaú, município que se destaca pelo desempenho satisfatório nas ações de saúde, a ESF configura-se como principal modo de reorganização da rede de serviços que recebe investimentos macroestruturais, com vistas a contribuir para este resultado. No entanto, acreditamos que existam produções no cotidiano dos serviços que estão para além destes empreendimentos e se expressam no agir cotidiano dos trabalhadores das eSF em espaços em que estes têm considerável possibilidade de intervenção. Quais movimentos, portanto, são produzidos por estes trabalhadores em Maracanaú? O que estaria subjacente a esta produção? Para responder a estas questões, realizamos pesquisa que pretendeu analisar a micropolítica do trabalho na ESF. Estudo exploratório-descritivo, do tipo pesquisa-ação, com abordagem qualitativa, realizado com oito trabalhadores das eSF de Maracanaú. Para produção dos dados e coleta, foi adotada a técnica dos Mapas Analíticos que consistem em uma abordagem cartográfica de análise dos serviços de saúde a partir dos próprios trabalhadores, em seus processos produtivos. Os dados foram analisados à luz do método de Análise de Conteúdo Temática, a fim de interpretar as mensagens apreendidas nas falas dos sujeitos que compuseram duas temáticas – “Produção e Antiprodução da Estratégia Saúde da Família” e “Afetos que (des)mobilizam produções na Estratégia Saúde da Família” - tendo sido confrontadas com achados da literatura, cuja apresentação ocorreu por utilização de fragmentos das narrativas. Foram observados os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos e submetido o projeto à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Estadual de
Saúde. Os resultados reafirmam o pressuposto de que a ESF é produzida cotidianamente nos serviços de saúde a partir das relações estabelecidas entre os trabalhadores com os usuários, gestores, seus pares e consigo. Este espaço é permeado pelo agir destes sujeitos que exercem importante influência sobre a ESF, contribuindo para seu fortalecimento e fragilização enquanto proposta de reconfiguração do modelo de atenção à saúde. A orientação para esta produção ocorre a partir de diretrizes políticas, bem como pelos valores e pela visão de mundo dos trabalhadores, constituindo importantes pistas para o processo de gestão da ESF pelos próprios trabalhadores, bem como pela equipe gestora da Secretaria
Municipal de Saúde daquele município. Lançar um olhar sobre a ESF na perspectiva micropolítica possibilitou identificá-la como território de subjetividade, em que afetos
agenciam processos de produção e antiprodução. Acreditamos que considerar essas questões na reflexão sobre a ESF enquanto modo de reorganização dos modos de produção do cuidado em saúde no SUS e confrontá-las com o cotidiano bdos serviços de saúde poderá contribuir para o enfrentamento dos seus limites e destacar suas possibilidades neste intento.
Abstract
The Unified Health System (SUS) is the result of health reform struggles in Brazil that arise in the midst of decline of the hegemonic health care model and proposes the Family Health Strategy (FHS) as a means of reorienting the organization of network services and health care practices. However, there is a long distance between the institution and the context of services. In Maracanaú, a municipality that stands out for satisfactory performance in health care actions, the FHS represents the main reorganization form of the service network that receives macro-structural investments, aiming to contribute to this result. Nevertheless, we believe there are productions in everyday services beyond these developments, which are expressed in everyday work of FHS professionals in areas where they have considerable possibility of intervention. Thus, what movements do these workers in Maracanaú produce? What would be behind this production? To answer these questions, we conducted a research that analyzed the micro-politics of the work in FHS. Exploratory descriptive study of intervention-research type with qualitative approach conducted with eight workers of FHS teams of Maracanaú-CE, Brazil. For data production and collection, we adopted the technique of Analytical Maps that consists of a cartographic approach to analyze health services from the workers themselves, in their production processes. For data analysis, we applied the method of Thematic Content Analysis in order to interpret the messages understood in the subjects’ speeches. Two thematic categories emerged “Production and counter production of the Family Health Strategy” and “Emotions that support/discourage productions in the Family Health Strategy” – we confronted them with findings in the literature, whose presentation took place through narrative fragments. We followed the ethical principles of human research and submitted the project for consideration by the Research Ethics Committee. The results reaffirm the assumption that the FHS is produced every day in health services from the relationships established among workers and users, managers, peers, and themselves. This space is permeated by the action of these subjects that have an important influence on the FHS, contributing to its strengthening and weakening as a proposal to reconfigure the health care model. The guidance for this production occurs through policy guidelines as well as the values and worldview of health professionals, constituting important clues to the managing process of the FHS by the workers themselves, as well as the management team of the Local Health Department of that municipality. Casting a glance at the FHS in the micro-politics perspective enabled to identify it as an area of subjectivity, in which emotions support the production and counter production processes. Thus, we believe that considering these issues when reflecting on the FHS as a way of reorganizing the production methods of health care in the SUS and confront them with everyday health services can contribute to face their limits and highlight their possibilities in this endeavor.
Linha de Pesquisa
Educação na Saúde
Ano Defesa
2014
Nucleadora
Instituição
UECE
UF
CE