Elizabete Araújo Melo
A Odontologia é uma das áreas de maior risco de transmissão da doença COVID-19, tendo aumentado o número de novos protocolos, orientações e cuidados que os pro-fissionais dessa área devem ter. O objetivo desse estudo foi avaliar o contexto de trabalho dos cirurgiões-dentistas da Estratégia Saúde da Família, com relação as in-fecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) e SARS-CoV-2. Trata-se de um es-tudo descritivo, transversal, de natureza quantitativa, com amostra aleatória simples de 103 cirurgiões-dentistas das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), do município de Fortaleza. A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2022, com envio de um questionário on-line para o aplicativo de mensagens WhatsApp® dos participantes. Os dados coletados foram salvos automaticamente pelo recurso de for-mulários do Google® Doc em uma planilha no padrão Microsoft Excel® e submetidos à análise estatística, utilizando-se o software Statistical Package for the Social Scien-ces (SPSS v.24.0®). Como resultados, observou-se que 76,7% dos participantes eram do gênero feminino; 61,2% na faixa etária de 36 a 45 anos; 96,1 % servidores municipais estatutários; 57,3% estavam satisfeitos com seu trabalho; 70,9 % não per-tenciam a nenhum grupo de risco para COVID-19; 63,1 % já haviam testado positivamente; 100 % receberam pelo menos duas doses da vacina contra COVID-19. Observou-se, ainda, que dos equipamentos de proteção individual (EPI), as luvas de procedimentos são utilizadas com maior frequência (99%), também são sempre disponibilizadas em quantidade suficiente para o funcionamento do serviço odontológico; 39,8% do protetor facial (face shield) disponibilizado pelas UAPS possui qualidade muito ruim, sendo também o mais comprado pelos participantes; 66% das UAPS possuem procedimentos operacionais padrão (POP); 6,8% possuem Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); 47,6% possuem Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRS S); 43,7% possuem registro de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Conclui-se que o risco de disseminação de Iras e Sars-CoV-2 aumentado na assistência odontológica é devido ao não uso de todos os EPI, a quantidade insuficiente e a qualidade questionável, somadas às deficiências na infraestru-
tura, procedimentos e protocolos de biossegurança.
ANÁLISE DO CONTEXTO DE TRABALHO DOS DENTISTAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA COM RELAÇÃO À PREVENÇÃO DAS IRAS E SARS-COV-2, NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA.
Autor(a)
Elizabete Araújo Melo
Orientador(a)
Paulo Sérgio Dourado Arrais
Palavras-chave
COVID-19; Odontologia; Atenção primária à saúde; Biossegurança; Saúde do trabalhador.
Resumo
A Odontologia é uma das áreas de maior risco de transmissão da doença COVID-19, tendo aumentado o número de novos protocolos, orientações e cuidados que os pro-fissionais dessa área devem ter. O objetivo desse estudo foi avaliar o contexto de trabalho dos cirurgiões-dentistas da Estratégia Saúde da Família, com relação as in-fecções relacionadas à assistência à saúde (Iras) e SARS-CoV-2. Trata-se de um es-tudo descritivo, transversal, de natureza quantitativa, com amostra aleatória simples de 103 cirurgiões-dentistas das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), do município de Fortaleza. A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2022, com envio de um questionário on-line para o aplicativo de mensagens WhatsApp® dos participantes. Os dados coletados foram salvos automaticamente pelo recurso de for-mulários do Google® Doc em uma planilha no padrão Microsoft Excel® e submetidos à análise estatística, utilizando-se o software Statistical Package for the Social Scien-ces (SPSS v.24.0®). Como resultados, observou-se que 76,7% dos participantes eram do gênero feminino; 61,2% na faixa etária de 36 a 45 anos; 96,1 % servidores municipais estatutários; 57,3% estavam satisfeitos com seu trabalho; 70,9 % não per-tenciam a nenhum grupo de risco para COVID-19; 63,1 % já haviam testado positivamente; 100 % receberam pelo menos duas doses da vacina contra COVID-19. Observou-se, ainda, que dos equipamentos de proteção individual (EPI), as luvas de procedimentos são utilizadas com maior frequência (99%), também são sempre disponibilizadas em quantidade suficiente para o funcionamento do serviço odontológico; 39,8% do protetor facial (face shield) disponibilizado pelas UAPS possui qualidade muito ruim, sendo também o mais comprado pelos participantes; 66% das UAPS possuem procedimentos operacionais padrão (POP); 6,8% possuem Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA); 47,6% possuem Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRS S); 43,7% possuem registro de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Conclui-se que o risco de disseminação de Iras e Sars-CoV-2 aumentado na assistência odontológica é devido ao não uso de todos os EPI, a quantidade insuficiente e a qualidade questionável, somadas às deficiências na infraestru-
tura, procedimentos e protocolos de biossegurança.
Abstract
Dentistry is one of the areas of greatest risk of transmission of the COVID-19 disease, having increased the number of new protocols, guidelines and care that professionals in this area Family Health Strategy, in relation to healthcare-associated infections (HIAS) and SARS-CoV-2. This is a descriptive, cross-sectional, quantitative study, with a simple random sample of 103 dentists from the Primary Care Units (UAPS) in the city of Fortaleza. Data collection took place between June and August 2022, with an online questionnaire sent to the participants‘ WhatsApp messaging application. The collected data were he automatically saved by the Google Docs forms resource in a Microsoft Excel spreadsheet and submitted to statistical analysis, using the Statistical Package for the Social Sciences software (SPSS v.19.0). As a result, it was observed that 76,7% of the participants were female; 61,2% in the age group of 36 to 45 years; 96,1% statutory municipal civil servants; 53,3% were satisfied with their work; 70,9% did not belong to any risk group for COVID-19; 63,1% had already tested positive; 100% received at last two doses of the vaccine against COVID-19. It was also observed that the personal protective equipment (PPE) used most frequently by the participants are procedure gloves (99%), which are also the PPE always available in sufficient quantity for the functioning of the dental service; 39,8% the face shield provided by the UAPS has very poor quality, being also the most purchased by the participants; 66% of the UAPS have protocols and standard operating procedures (SOP) for the processing of health products (PPPS); 6,8% have na Internal Accident Prevenction Commission (CIPA); 47,6% have a Health Services Waste Manangement Plan (PGRS); 43,7% have a record of work-related accdents and illnesses; only 1% have a negative pressure respiratory isolation area a High Efficiency Particulate Arrestance (HEPA) filter. It is concluded that, the non-full use of PPE by dentists, the amount available, not always sufficient, by managers, and its questionable quality, added to deficiencies in infrastructure, procedures and biosafety protocols, increase the risk of spreading Iras and Sars-CoV-2 in dental care.
