Rafaelle Dantas Bezerra (1)
Introdução: A Violência Contra a Mulher se configura como qualquer ato ou conduta que cause danos, sofrimento ou morte; tem origem na discriminação ou inferiorização da mulher pela questão do gênero, com as relações desiguais de poder. Constitui um dos mais preocupantes problemas de saúde pública da atualidade, pois atinge todos os ciclos de vida da mulher e aumenta os índices de morbidade e mortalidade nessa população. A desigualdade de gênero em âmbito familiar ainda é muito significativa.
Quando discutimos sobre a violência contra a mulher, o maior risco de agressão é por parte de esposos, companheiros, namorados e ex-namorados. A Atenção Primária à Saúde é uma das principais portas de entrada da Rede de Atenção à Saúde para as mulheres em situação de violência doméstica. Esta pesquisa aborda a temática da violência contra a mulher, considerando o papel das equipes de Saúde da Família.Objetivo geral: Elaborar, participativamente e de forma intersetorial, um plano de ação com foco na abordagem da violência doméstica contra a mulher que possa ser aplicada na Estratégia Saúde da Família de um município do sertão cearense. Metodologia: Pesquisa com abordagem qualitativa. Realizou-se pesquisa-ação, método que possibilita o engajamento sociopolítico do pesquisador e dos participantes a serviço de problemas de caráter popular. A coleta de dados foi no município de Boa Viagem/CE, Brasil, e deu-se durante a construção de um plano de ação em seis seminários com 29 participantes, representantes multiprofissionais dos setores: saúde, assistência social, educação, controle social. Os seminários foram gravados em mídias áudio visual. A análise foi submetida à técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. A pesquisa seguiu as recomendações da Resolução 466/2012 e 510/2016 do
Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo parecer Nº 5.329.687. Resultados e Discussão: O grupo definiu a compreensão da violência doméstica contra a mulher com as palavras: preconceito, medo e cultura. A discussão seguiu com a preocupação de alinhamento de ações intersetoriais conjuntas entre os setores, como possibilidades de atendimentos individuais e grupais preventivos, inserindo o agressor nas ações de prevenção. Ações de inibição à reincidência da violência foi muito discutida, assim como a reativação do conselho municipal de direito das mulheres. Os seminários permitiram a formação de ambiente reflexivo, em que cada participante se
reconheceu no papel de ator social e com responsabilidade dentro do serviço, assim como a importância do protagonismo da APS no enfretamento da VDCM. Considerações finais: Refletiu-se acerca da importância da discussão em grupo para realização de mudanças e construção de novas práticas, do trabalho em rede, de forma intersetorial. Os diferentes saberes sobre o fenômeno da VDCM permitiram à APS mais segurança para se tornar espaço de acolhimento, identificação, escuta e encaminhamento qualificado às mulheres. Os produtos do grupo, um plano de ação e um fluxograma, estão sendo implantados e auxiliarão o município no enfrentamento da VDCM.
Baixar
