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Atenção Integral em Saúde da Família
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Atencao-Integral-em-Saude-da-Famielia_ebook-2017
Este livro sobre Atenção Integral em Saúde da Família é fruto da coconstrução de saberes, práticas e afetos entre professores pesquisadores, trabalhadores do SUS e usuários. Definir integralidade não é tarefa simples. São vários os seus sentidos, possibilidades de aberturas e necessidade de reflexão na busca por ampliação e transformação. No entanto, é possível afirmarmos a integralidade como uma categoria analítica que, ao reconhecer a necessidade de articulação, integração e interações entre usuários, profissionais, gestores e os diversos equipamentos sociais do território, fazendo-os dialogar com o saber científico, institucional, popular, entre outros, pode ser capaz de exercer um grande potencial dialógico na superação das tensões no interior das práticas de saúde, a fim de produzir formas de cuidado sensíveis à realidade de seus usuários. Como nos ensina Ayres, no capítulo introdutório, é “na intimidade dos processos de trabalho concretamente operados, é na atenção primária que a integralidade apresenta sua maior potência como tecnologia”. Nesse sentido, é da relação potente e estratégica entre a Integralidade e a Atenção Primária em Saúde da Família que este livro convida à interlocução a partir das experiências de arranjos tecnológicos realizados no âmbito da Estratégia Saúde da Família. Uma mandala contornada com flores de dente-de-leão foi a metáfora escolhida para apresentar a diversidade de práticas de cuidado em saúde que se movimentam tentando compor uma atenção integral. Mandala é uma palavra sânscrita que significa círculo ou concentração de energia. Universalmente mandala é o símbolo da totalidade, da integração. É um arquétipo usado em orações, meditações para promoção de autoconhecimento e cura. O desenho mandálico ou o círculo é a forma mais natural conhecida pela humanidade; pode ser encontrada na Terra e no Cosmo: a célula, o embrião, as sementes, o caule das árvores, as flores, as conchas, as estrelas, os planetas, o Sol, a Lua, as nebulosas, as galáxias. Portanto, é movimento, é a roda da vida, a imagem do universo, que surge continuamente do mesmo centro, desenvolvendo-se para o exterior e ao mesmo tempo convergindo da multiplicidade para o centro unificador. As cores dos sete chacras de nossa mandala sinalizam a integralidade do ser em todas as suas dimensões, e no âmbito deste escrito à junção de diferentes coletivos compostos por trabalhadores e usuários em sua colorida diversidade de tecnologias, afetos e saberes buscando compor um comum – um círculo em torno das relações de cuidado integral, que seja capaz de soprar e espalhar-se em muitas outras composições. O primeiro capítulo trata da abordagem de uma relação especial entre integralidade e atenção primária em saúde, enquanto estratégia para a consolidação dos Sistema Único de Saúde. Como o núcleo de uma mandala, ele se expande por meio dos vinte e seis capítulos seguintes que relatam experiências vivenciadas no cotidiano da Estratégia Saúde da Família diante do enfrentamento 40 diário de demandas diversas: sofrimento e transtornos mentais, questões de saúde bucal, doenças crônicas, agravos diversos nos vários momentos do ciclo de vida, processos de trabalhos e tecnologias discutidas, avaliadas e reinventadas e modos de cuidado promovedores de redução de riscos e vulnerabilidades, de novos arranjos intersetoriais, buscando interações cada vez mais ricas e inclusivas entre equipes, famílias e comunidade. Esta mandala/livro faz circular por meio das narrativas dos professores, alunos e pesquisadores da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (RENASF) experiências vivenciadas em uma diversidade de serviços de atenção primária no Nordeste do Brasil. Traduz a integração de uma rede que se formou buscando crescer com as diferenças, e converge no desejo de realizar e reinventar práticas assentadas no cuidado integral. Ao ser representado como uma mandala com contornos de flores de dente-de-leão, símbolo também da RENASF, este escrito também fala do intuito de espalhar suas sementes. A flor dente-de-leão possui muitos significados, dentre eles, força, cura e esperança. O nome científico do gênero é Taraxacum, sendo a sua espécie mais disseminada a Taraxacum officinale. A palavra taraxacum vem da união de duas palavras gregas (taraké, que significa agitação, confusão, e akos – remédio). O nome pelo qual a dente-de-leão é popularmente conhecida parece ter origem na aparência da planta: as suas folhas são muito dentadas e as suas flores amarelas parecem com a juba de um leão. Em determinada fase, quando a flor é soprada, ela se desfaz com facilidade. As sementes são levadas pelo vento, se espalham e, no período certo, florescem novamente. Devido a essa característica, é também 41 conhecida pelo nome “esperança”, em especial no Nordeste do Brasil. Na Itália vem a ser popularmente chamada por soffione (grande sopro) pelo fato de ter, depois de sua inflorescência, as sementes recolhidas naquela bola que se parece com um pompom, pronta para voar e dispersar-se ao primeiro sopro. Sua leveza e desprendimento nos ensinam sobre mudanças e recomeços. Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, deve ter assoprado um fruto da dente-de-leão, talvez na esperança de ter o que se deseja. Portanto, este livro é um convite desejante para nos unirmos e nos espalharmos na construção bela e desafiante em torno do SUS.
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Tipo de Publicação
Livro
Título
Atenção Integral em Saúde da Família
Autor(es)
Liberata Campos Coimbra
Geórgia Sibele Nogueira da Silva
Maísa Paulino Rodrigues
Annatália Meneses de Amorim Gomes
Palavras-chave
Saúde pública; Enfermagem; Saúde da Família; Medicina
Ano
2017
Editor
EDUFRN – Editora da UFRN
Referência
Atenção Integral em Saúde da Família[recurso eletrônico]/Organizado por Liberata Campos Coimbra [et al] - Natal: EDUFRN, 2017
Resumo
Este livro sobre Atenção Integral em Saúde da Família é fruto da coconstrução de saberes, práticas e afetos entre professores pesquisadores, trabalhadores do SUS e usuários. Definir integralidade não é tarefa simples. São vários os seus sentidos, possibilidades de aberturas e necessidade de reflexão na busca por ampliação e transformação. No entanto, é possível afirmarmos a integralidade como uma categoria analítica que, ao reconhecer a necessidade de articulação, integração e interações entre usuários, profissionais, gestores e os diversos equipamentos sociais do território, fazendo-os dialogar com o saber científico, institucional, popular, entre outros, pode ser capaz de exercer um grande potencial dialógico na superação das tensões no interior das práticas de saúde, a fim de produzir formas de cuidado sensíveis à realidade de seus usuários. Como nos ensina Ayres, no capítulo introdutório, é “na intimidade dos processos de trabalho concretamente operados, é na atenção primária que a integralidade apresenta sua maior potência como tecnologia”. Nesse sentido, é da relação potente e estratégica entre a Integralidade e a Atenção Primária em Saúde da Família que este livro convida à interlocução a partir das experiências de arranjos tecnológicos realizados no âmbito da Estratégia Saúde da Família. Uma mandala contornada com flores de dente-de-leão foi a metáfora escolhida para apresentar a diversidade de práticas de cuidado em saúde que se movimentam tentando compor uma atenção integral. Mandala é uma palavra sânscrita que significa círculo ou concentração de energia. Universalmente mandala é o símbolo da totalidade, da integração. É um arquétipo usado em orações, meditações para promoção de autoconhecimento e cura. O desenho mandálico ou o círculo é a forma mais natural conhecida pela humanidade; pode ser encontrada na Terra e no Cosmo: a célula, o embrião, as sementes, o caule das árvores, as flores, as conchas, as estrelas, os planetas, o Sol, a Lua, as nebulosas, as galáxias. Portanto, é movimento, é a roda da vida, a imagem do universo, que surge continuamente do mesmo centro, desenvolvendo-se para o exterior e ao mesmo tempo convergindo da multiplicidade para o centro unificador. As cores dos sete chacras de nossa mandala sinalizam a integralidade do ser em todas as suas dimensões, e no âmbito deste escrito à junção de diferentes coletivos compostos por trabalhadores e usuários em sua colorida diversidade de tecnologias, afetos e saberes buscando compor um comum – um círculo em torno das relações de cuidado integral, que seja capaz de soprar e espalhar-se em muitas outras composições. O primeiro capítulo trata da abordagem de uma relação especial entre integralidade e atenção primária em saúde, enquanto estratégia para a consolidação dos Sistema Único de Saúde. Como o núcleo de uma mandala, ele se expande por meio dos vinte e seis capítulos seguintes que relatam experiências vivenciadas no cotidiano da Estratégia Saúde da Família diante do enfrentamento 40 diário de demandas diversas: sofrimento e transtornos mentais, questões de saúde bucal, doenças crônicas, agravos diversos nos vários momentos do ciclo de vida, processos de trabalhos e tecnologias discutidas, avaliadas e reinventadas e modos de cuidado promovedores de redução de riscos e vulnerabilidades, de novos arranjos intersetoriais, buscando interações cada vez mais ricas e inclusivas entre equipes, famílias e comunidade. Esta mandala/livro faz circular por meio das narrativas dos professores, alunos e pesquisadores da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (RENASF) experiências vivenciadas em uma diversidade de serviços de atenção primária no Nordeste do Brasil. Traduz a integração de uma rede que se formou buscando crescer com as diferenças, e converge no desejo de realizar e reinventar práticas assentadas no cuidado integral. Ao ser representado como uma mandala com contornos de flores de dente-de-leão, símbolo também da RENASF, este escrito também fala do intuito de espalhar suas sementes. A flor dente-de-leão possui muitos significados, dentre eles, força, cura e esperança. O nome científico do gênero é Taraxacum, sendo a sua espécie mais disseminada a Taraxacum officinale. A palavra taraxacum vem da união de duas palavras gregas (taraké, que significa agitação, confusão, e akos – remédio). O nome pelo qual a dente-de-leão é popularmente conhecida parece ter origem na aparência da planta: as suas folhas são muito dentadas e as suas flores amarelas parecem com a juba de um leão. Em determinada fase, quando a flor é soprada, ela se desfaz com facilidade. As sementes são levadas pelo vento, se espalham e, no período certo, florescem novamente. Devido a essa característica, é também 41 conhecida pelo nome “esperança”, em especial no Nordeste do Brasil. Na Itália vem a ser popularmente chamada por soffione (grande sopro) pelo fato de ter, depois de sua inflorescência, as sementes recolhidas naquela bola que se parece com um pompom, pronta para voar e dispersar-se ao primeiro sopro. Sua leveza e desprendimento nos ensinam sobre mudanças e recomeços. Todo mundo, pelo menos uma vez na vida, deve ter assoprado um fruto da dente-de-leão, talvez na esperança de ter o que se deseja. Portanto, este livro é um convite desejante para nos unirmos e nos espalharmos na construção bela e desafiante em torno do SUS.