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SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS PARA POLÍTICAS DE SAÚDE: PREVENÇÃO E CONTROLE DO PÉ DIABÉTICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
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Documento
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2016_URCA_Fernanda Maria Silva
O Pé Diabético é uma complicação do Diabetes Mellitus (DM) que se origina das alterações macrovasculares e neuropáticas periféricas provocadas pela doença. Sua prevenção e controle na Atenção Primária à Saúde (APS), amparados pelas evidências cietíficas, pode evitar o agravamento dessa condição. Objetivou-se identificar, no âmbito da APS, as intervenções mais efetivas para prevenção e controle do pé diabético. Trata-se de um estudo de qualitativo do tipo Síntese de Evidências para Políticas de Saúde. A coleta de dados foi realizada de acordo com a metodologia das ferramentas SUPPORT (Supporting Policy Relevant Reviews and Trials). Em abril de 2016, foi realizada a definição do problema de política através de buscas sistemáticas na literaturasobre o tema, nas bases de dados Queries for health service research (Pubmed) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Outras referências também foram buscadas nos sites de instituições consideradas experts no assunto. Relatórios extraídos no site do DATASUS também foram utilizados. Na busca de evidências para as opções, realizada em maio de 2016, foram revistadas as bases de dados HSE (Health Systems Evidence), Cochrane Library, BVS e PubMed. Em termos globais as ulcerações nos pés de pacientes diabéticos têm uma incidência anual estimada de 2% e uma incidência durante toda a vida entre 15 e 25%. No Brasil 20% dos pacientes diabéticos relatam o surgimento de úlceras no pé e apenas 29,1% dos diabéticos realizaram exames nos pés nos últimos doze meses. As estratégias globais para prevenção e controle do pé diabético são resultados das estratégias para as doenças crônicas não transmissíveis, incluindo o diabetes mellitus, dentre elas a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 com o documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.Algumas estratégias nacionais identificadas foram: a estruturação do Sistema Único de Saúde e da APS, o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, em 2002, o Plano de Ações Estratégias para o Enfrentamento das DCNT, 2011-2022, a Portaria do Ministério da Saúde no. 483/2014, que redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado. Iniciativas específicas no Brasil incluem o programa Passo a Passo implantado no Brasil pela Sociedade Brasileira de Diabetes e ligado ao Grupo Internacional de Trabalho sobre Pé Diabético que foi iniciado no Brasil em 2013. Foram elencadas quatro opções para a abordagem do problema: i) capacitar profissionais da APS no rastreamento do pé diabético, na educação para o autocuidado e na coordenação do cuidado das pessoas com diabetes mellitus; ii) estimular o autocuidado, mediante aferição diária da temperatura do pé; iii) identificar e realizar o manejo clínico de condições pré ulcerativas e deformidades nos pés e encaminhar ao serviço de referência nas rede assistencial quando necessário; e iv) oferecer pacotes de intervenções complexas aos pacientes. O rastreamento de risco mostrou ser a evidência mais forte na prevenção e controle dessa complicação; a educação para o autocuidado por si só não é capaz de trazer resultados na prevenção e controle do Pé Diabético no longo prazo; O único elemento do autocuidado que apresentou evidência é a terapia guiada por temperatura; cuidados com os pés realizados por podólogos/podiatras podem reduzir a incidência de amputações e ulcerações; as evidências sobre intervenções complexas não são fortes, mas tal deve ser interpretado inicialmente como uma falta de provas, ao invés de evidência de nenhum efeito. O corpo de evidências sobre intervenções para a prevenção e controle do Pé Diabético ainda requer estudos mais bem delineados que melhor identifiquem seus efeitos, aspectos de implementação e custo-efetividade, especialmente para as opções que exijam maiores investimentos.
Tipo de Documento
Dissertação
Curso
Mestrado
Título
SÍNTESE DE EVIDÊNCIAS PARA POLÍTICAS DE SAÚDE: PREVENÇÃO E CONTROLE DO PÉ DIABÉTICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Autor(a)
FERNANDA MARIA SILVA
Orientador(a)
Maria Corina Amaral Viana
Palavras-chave
Atenção Primária à Saúde, Diabetes Mellitus, Pé diabético, Prevenção, Políticas Informadas por Evidências.
Resumo
O Pé Diabético é uma complicação do Diabetes Mellitus (DM) que se origina das alterações macrovasculares e neuropáticas periféricas provocadas pela doença. Sua prevenção e controle na Atenção Primária à Saúde (APS), amparados pelas evidências cietíficas, pode evitar o agravamento dessa condição. Objetivou-se identificar, no âmbito da APS, as intervenções mais efetivas para prevenção e controle do pé diabético. Trata-se de um estudo de qualitativo do tipo Síntese de Evidências para Políticas de Saúde. A coleta de dados foi realizada de acordo com a metodologia das ferramentas SUPPORT (Supporting Policy Relevant Reviews and Trials). Em abril de 2016, foi realizada a definição do problema de política através de buscas sistemáticas na literaturasobre o tema, nas bases de dados Queries for health service research (Pubmed) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Outras referências também foram buscadas nos sites de instituições consideradas experts no assunto. Relatórios extraídos no site do DATASUS também foram utilizados. Na busca de evidências para as opções, realizada em maio de 2016, foram revistadas as bases de dados HSE (Health Systems Evidence), Cochrane Library, BVS e PubMed. Em termos globais as ulcerações nos pés de pacientes diabéticos têm uma incidência anual estimada de 2% e uma incidência durante toda a vida entre 15 e 25%. No Brasil 20% dos pacientes diabéticos relatam o surgimento de úlceras no pé e apenas 29,1% dos diabéticos realizaram exames nos pés nos últimos doze meses. As estratégias globais para prevenção e controle do pé diabético são resultados das estratégias para as doenças crônicas não transmissíveis, incluindo o diabetes mellitus, dentre elas a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 com o documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.Algumas estratégias nacionais identificadas foram: a estruturação do Sistema Único de Saúde e da APS, o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, em 2002, o Plano de Ações Estratégias para o Enfrentamento das DCNT, 2011-2022, a Portaria do Ministério da Saúde no. 483/2014, que redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado. Iniciativas específicas no Brasil incluem o programa Passo a Passo implantado no Brasil pela Sociedade Brasileira de Diabetes e ligado ao Grupo Internacional de Trabalho sobre Pé Diabético que foi iniciado no Brasil em 2013. Foram elencadas quatro opções para a abordagem do problema: i) capacitar profissionais da APS no rastreamento do pé diabético, na educação para o autocuidado e na coordenação do cuidado das pessoas com diabetes mellitus; ii) estimular o autocuidado, mediante aferição diária da temperatura do pé; iii) identificar e realizar o manejo clínico de condições pré ulcerativas e deformidades nos pés e encaminhar ao serviço de referência nas rede assistencial quando necessário; e iv) oferecer pacotes de intervenções complexas aos pacientes. O rastreamento de risco mostrou ser a evidência mais forte na prevenção e controle dessa complicação; a educação para o autocuidado por si só não é capaz de trazer resultados na prevenção e controle do Pé Diabético no longo prazo; O único elemento do autocuidado que apresentou evidência é a terapia guiada por temperatura; cuidados com os pés realizados por podólogos/podiatras podem reduzir a incidência de amputações e ulcerações; as evidências sobre intervenções complexas não são fortes, mas tal deve ser interpretado inicialmente como uma falta de provas, ao invés de evidência de nenhum efeito. O corpo de evidências sobre intervenções para a prevenção e controle do Pé Diabético ainda requer estudos mais bem delineados que melhor identifiquem seus efeitos, aspectos de implementação e custo-efetividade, especialmente para as opções que exijam maiores investimentos.
Abstract
Diabetic Foot is a complication of Diabetes Mellitus (DM) that originates from macrovascular and peripheral neuropathic disorders caused by the disease. Its prevention and control in Primary Health Care (PHC), supported by the scientific evidence, can prevent the worsening of this condition. The objective of this study was to identify the most effective interventions for the prevention and control of diabetic foot. This is a qualitative study of the Summary of Evidence for Health Policies type. Data collection was performed according to the SUPPORT (Supporting Policy Relevant Reviews and Trials) methodology. In April 2016, the policy problem was defined through systematic searches on literatures on the subject, in the databases Queries for health service research (Pubmed) and Virtual Health Library (VHL). Other references were also searched on the websites of institutions considered experts in the subject. Reports extracted from the DATASUS website were also used. In the search for evidence for the options, conducted in May 2016, the HSE (Health Systems Evidence), Cochrane Library, BVS and PubMed databases were searched. Overall, foot ulcers in diabetic patients have an estimated annual incidence of 2% and a lifelong incidence of 15-25%. In Brazil, 20% of diabetic patients report foot ulcers and only 29.1% of diabetics performed foot exams in the last 12 months. Global strategies for prevention and control of diabetic foot are the results of strategies for chronic noncommunicable diseases, including diabetes mellitus, among them the United Nations Conference on Sustainable Development - Rio + 20 with the document "Transforming Our World: The Agenda 2030 for Sustainable Development ". Some national strategies identified were: the structuring of the Unified Health System and the PHC, the Plan for the Reorganization of Attention to Hypertension and Diabetes Mellitus in 2002, the Action Plan for Coping with DCNT, 2011-2022, the Ordinance of the Ministry of Health no. 483/2014, which redefines the Health Care Network of People with Chronic Diseases in the scope of the Unified Health System and establishes guidelines for the organization of its lines of care. Specific initiatives in Brazil include the Step-by-Step program implemented in Brazil by the Brazilian Society of Diabetes and linked to the International Working Group on Diabetic Foot that was started in Brazil in 2013. Four options were listed to approach the problem: i) APS in diabetic foot tracking, education for self-care and coordination of care for people with diabetes mellitus; ii) to stimulate the self-care, by means of daily measurement of the temperature of the foot; iii) identify and perform the clinical management of pre-ulcer conditions and deformities in the feet and refer to the referral service in the care network when necessary; And iv) offer packages of complex interventions to patients. Risk screening proved to be the strongest evidence in the prevention and control of this complication; Self-care education alone is not able to bring results in the prevention and control of Diabetic Foot in the long term; The only element of self-care that presented evidence is temperature-guided therapy; Foot care performed by podiatrists / podiatrists can reduce the incidence of amputations and ulcerations; The evidence for complex interventions is not strong, but this must be interpreted initially as a lack of evidence, rather than evidence of no effect. The body of evidence on interventions for the prevention and control of Diabetic Foot still requires better delineated studies that better identify its effects, implementation aspects and cost-effectiveness, especially for the options that require greater investments.
Linha de Pesquisa
Atenção e Gestão do cuidado em saúde
Ano Defesa
2016
Nucleadora
Instituição
URCA
UF
CE